À polícia, o condutor relatou que só descobriu que havia causado um acidente fatal ao chegar em casa. Ele também negou que estivesse alcoolizado ou em alta velocidade.

Porto Velho, RO - O motorista que atropelou e causou a morte da auxiliar de serviços gerais Andrea Trindade, na segunda-feira (26), afirmou em depoimento à polícia que dormiu no volante quando se envolveu no acidente. Ele também negou que estivesse alcoolizado ou em alta velocidade.

Segundo a Polícia Civil, Leonardo Oliveira Santos, de 21 anos, foi indiciado por homicídio simples e lesão corporal no trânsito. O g1 tenta contato com a defesa do motorista.

Leonardo compareceu à Delegacia Especializada em Acidentes de Trânsito (Deat) para prestar esclarecimento, mas foi liberado por estar fora do período de flagrante. Ele deixou o local do acidente sem prestar socorro à vitima.

À polícia, o jovem relatou que havia passado a noite na casa de amigos, mas disse que não ingeriu bebidas alcoólicas. De acordo com ele, o acidente teria sido causado porque ele cochilou no volante.

"[Leoanardo] disse que estava na casa de amigos e que chegou no dia 25/12/2022, por volta das 17h00min, permanecendo até o dia seguinte pela manha do 26/12/2022; Disse que permaneceu na casa desse amigo toda noite e não fez uso de bebidas alcoólicas pois não é dado a uso dessas bebidas; disse que acordou com o despertador de seu celular que é programado para acorda-lo cedo e em seguida deslocar-se ao seu local de trabalho e que nesse dia iria faze-lo; Disse que em razão de um certo cansaço, dormiu ao volante antes do ocorrido", diz trecho do depoimento.

Leonardo contou que chegou a acordar após o acidente, mas não teria percebido que havia atropelado uma pessoa, e, por isso, seguiu o seu percurso.

"Disse que após a colisão acordou com o impacto mas não conseguiu deduzir o que era realmente ocorrera, razão pela qual continuou seu percurso; Disse que em razão disso foi que prosseguiu sua trajetória deslocando-se para a sua residência, não imaginando o que tinha ocorrido, e que tal fato só fora conhecido após seu pai o comunicar-lhe; disse que em razão do impacto sofreu uma lesão no braço direito, fato que o obrigou a comparecer a uma unidade hospitalar, onde após avaliação medica foi imobilizado com gesso seu braço direito"

Entretanto, essa versão entra em contradição com o que foi relato pelo marido da vítima, Edson Reis, que também estava no local do acidente. À polícia, Edson informou que o condutor da picape teria ficado parado por "um ou dois minutos" a pouco metros do acidente, e foi embora sem prestar socorro.


Andrea Trindade e o marido Edson. — Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal.

Ainda durante o depoimento, o jovem também declarou que está disposto a realizar exames toxicológicos para provar que não estava sob o efeito de álcool ou qualquer outro entorpecente durante o acidente.

"Disse que está disposto a fazer qualquer tipo de exame clinico (toxicológico) para provar que não faz uso de bebidas alcoólicas ou qualquer tipo entorpecentes; disse que encontra-se bastante abalado com o que ocorreu e que esta fatalidade deu-se em função de um cansaço físico e mental, que o deixou momentaneamente inconsciente antes do acidente; Disse que em razão de possuir endereço e trabalho fixo, está disposto a colaborar com toda investigação policial, assim como auxiliar no que for necessário para ajudar familiares da vítima.", relata o documento.

Homicídio simples

Segundo a Polícia Civil, Leonardo vai responder por homicídio simples e lesão corporal. Além disso, o delegado Temístocles Alencar, responsável por investigar o caso, representou à Justiça pela prisão preventiva do suspeito.

Nesta quinta-feira (29), familiares de Andrea realizaram uma manifestação, com faixas e cartazes, em frete ao Fórum Henoch Reis, Zona Centro-Sul da capital, para cobrar que o mandado de prisão em nome de Leonardo seja decretado.

Relembre o caso


Acidente ocorreu ponto de ônibus em Manaus — Foto: Nainy Castelo Branco/Rede Amazônica

Andréa Trindade morreu após a picape invadir um ponto de ônibus, na Avenida Coronel Teixeira, na altura do bairro Santo Agostinho, Zona Oeste de Manaus, na manhã de segunda-feira (26). A vítima pegaria um coletivo para ir ao trabalho.

O acidente ocorreu por volta das 6h, no sentido Ponta Negra/São Jorge, Santo Agostinho. De acordo com testemunhas, a vítima foi arremessada contra um poste após ser atingida pelo veículo.

No momento do acidente, a mulher estava acompanhada do marido. Os dois tinham estacionado uma motocicleta do outro lado da avenida e atravessado a via, para que ela esperasse o transporte coletivo na parada. Do ponto de ônibus, a vítima seguiria para o trabalho.

Enquanto os dois aguardavam a chegada do ônibus, a picape invadiu a parada, atingindo a mulher. Ela morreu no local.

Com o impacto do acidente, uma placa de publicidade do ponto de ônibus ficou destruída. O marido da vítima teve escoriações pelo corpo e foi levado para um hospital.

Fonte: G1/AM