Acordo do bloco, apresentado na terça-feira, põe como meta para todas as empresas exportadoras uma cadeia de produção livre de desmatamento

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, criticou nesta quarta-feira o acordo da União Europeia que visa proibir a importação de produtos oriundos de áreas de desmatamento, indicando que a medida não pode servir para uma barreira para o agronegócio brasileiro.

— A Amazônia é uma região extremamente complexa, nós não podemos pura e simplesmente carimbar a ilegalidade como algo total na região. Não é por aí. Precisa-se haver uma separação bem clara sobre o que é feito no âmbito da ilegalidade e o que é feito dentro da legalidade, que é a nossa produção agropecuária — disse Martins.

O presidente da entidade que representa os produtores rurais defendeu a regularização fundiária como a melhor saída para identificar e prevenir as atividades ilegais de desmatamento, respaldando as atividades legais. Nesta quarta-feira, os diretores técnicos da CNA apresentaram o balanço do ano de 2022 e as expectativas do agro brasileiro para 2023.

A Confederação da Agricultura e Pecuária reconhece que a medida da União Europeia é 'preocupante' para o agronegócio brasileiro e está acompanhando os próximos passos do bloco de 27 países, que deve formalizar o acordo nas próximas semanas.

O presidente da CNA afirmou ainda ter participado de reuniões com embaixadores europeus para tratar do escopo da nova regulamentação — discutida desde 2021. Uma nova reunião do embaixador da União Europeia com representantes da entidade brasileira está prevista para esta semana.

Impacto no agro

A medida europeia prevê a lisura total da cadeia produtiva em relação à proveniência do desmatamento e não faz distinção entre o desflorestamento de terras legais e ilegais. Na prática, o acordo alcançado entre os membros da União Europeia nesta semana define que todas as empresas exportadoras passem a apresentar um "due diligence" dos produtos importados ao bloco.

“A nossa preocupação é com o impacto para o Agro e que a medida não seja além do necessário. Que ela esteja de acordo com as regras internacionais da Organização Mundial do Comércio (OMC). O texto final ainda não saiu e ainda há muitas dúvidas, inclusive com a extensão da cadeia de produção”, cita a diretora de relações internacionais da CNA, Sueme Mori.


Fonte: O GLOBO