No ano passado, o indígena Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados na região da reserva indígena, que fica situada no Amazonas
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) informou, nesta quinta-feira (16), que espera visita de uma comitiva formada por ministros e chefes de órgãos do governo federal ao Vale do Javari, no Amazonas. A previsão é que a visita ocorra no dia 27 de fevereiro.
No ano passado, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados próximo à reserva. Quatro suspeitos de envolvimento no duplo homicídio estão presos, e a suspeita é que o crime foi cometido porque Bruno Pereira combatia a pesca ilegal na reserva indígena, segundo as investigações (relembre o caso abaixo).
De acordo com Eliésio Marubo, procurador jurídico da Univaja, o objetivo é que os integrantes do alto escalão do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva veja de perto a situação em que se encontra a reserva, que sofre com a prática de crimes ambientais, falta de atenção básica de saúde e insegurança. A comitiva deve contar com os seguintes ministros:
Ministra dos Povos Indígenas - Sônia Guajajara
Ministro da Justiça e Segurança Pública - Flávio Dino
Ministro dos Direitos Humanos - Sílvio Almeida
A associação também informou que também espera a presença das ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Saúde, Nísia Trindade.
Além dos ministros, a comitiva deve contar com Joenia Wapichana (presidente da Fundação Nacional dos Povos Indíegnas - Funai), Umberto Ramos (Superintende da Polícia Federal no Amazonas), e Ricardo Weibe Tapeba (secretário de Saúde Indígena - Sesai).
Segundo Eliésio Marubo, mesmo após ampla repercussão do caso Bruno e Dom, indígenas da região seguem sofrendo ameaças.
"É muito importante e positiva a presença desses ministros e demais autoridades na reserva para que se traga luz aos graves problemas encontrados aqui, não queremos que ocorra o mesmo que estamos vendo com o Povo Yanomami. Além disso, ainda há muita insegurança, muitos indígenas seguem recebendo ameaças veladas de criminosos que atuam aqui na região, e, isso, depois de tudo o que testemunhamos no ano passado", afirmou Eliseu.
Os integrantes da Univaja também criticaram a cobertura da Polícia Militar, controlada pelo Governo do Amazonas na região.
"Não vemos nenhum iniciativa do governo estadual para melhorar essa questão [da insegurança]. Veja o Batalhão de Tabatinga, é um efetivo muito baixo, que vive em situação precária, para atender mais de cinco municípios. Isso sem falar que não há uma equipe voltada para combater crimes ambientais", afirmou Eliseu.
O g1 questionou a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) sobre as declarações dos representantes da Univaja e aguarda retorno.
O governo federal também foi procurado para confirmar se a comitiva estará no Amazonas na data informada pela Univaja.
Caso Dom e Bruno
Indígena protesta por justiça pelos assassinatos de Dom e Bruno — Foto: Getty Images via BBC
Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho de 2022, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiriam para Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.
Os restos mortais deles foram achados em 15 de junho. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da PF, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.
Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos santos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, estão presos em penitenciárias federais suspeitos de cometerem os assassinatos.
Além dos três acusados, no fim de janeiro, a Polícia Federal (PF) apontou Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como "Colômbia", como o mandante dos homicídios.
Colômbia está preso desde dezembro do ano passado. Ele chegou a ser solto após pagar uma fiança de R$ 15 mil, em outubro. A prisão foi decretada novamente pela Justiça Federal após ele descumprir condições impostas quando obteve liberdade provisória. Colômbia também é investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas.
Segundo as investigações, "Colômbia" tinha relação direta com Amarildo. No processo, o Ministério Público Federal denunciou Amarildo, Oseney e Jefferson pelo assassinato das vítimas. De acordo com o superintendente, Colômbia também será indiciado.
Fonte: G1/AM
0 Comentários