Canoísta inglesa Emma Kelty foi assassinada em 2017, na Zona Rural do município de Coari, por uma organização criminosa denominada "piratas do rio", segundo denúncia do Ministério Público

Arthur Gomes da Silva, condenado a 32 anos de prisão pela morte da atleta britânica Emma Kelty, foi preso nesta terça-feira (7), em Manaus. A canoísta inglesa foi assassinada em 2017, por uma organização criminosa denominada "piratas do rio", na Zona Rural do município de Coari, interior do Amazonas.

Segundo o delegado José Barradas, quatro homens participaram do crime, mas apenas dois foram formalmente acusados.

"O Arthur era o mais violento da quadrilha. Fizemos uma investigação que apontou a participação dele na empreitada, onde ele teria praticado os crimes de latrocínio, corrupção de menor, estupro e ocultação de cadáver", apontou.

Ainda segundo Barradas, após a condenação de Arthur, ocorrida em agosto do ano passado, a polícia voltou à Zona Rural de Coari, em busca do homem, mas não o encontrou e passou a considerá-lo foragido.

Condenação

Arthur Gomes da Silva foi condenado pelos crimes de latrocínio, estupro, ocultação de cadáver e corrupção de menores, cometidos contra a atleta britânica.

A decisão foi do juiz Fábio Lopes Alfaia. De acordo com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o conjunto de provas "levou ao convencimento do magistrado sobre a comprovação dos requisitos exigidos por lei, resultando na condenação do réu".

"Na análise do conjunto probatório estabelecido, observando-se as substanciosas alegações apresentadas por ambas as partes, forçoso é reconhecer que as provas colhidas são suficientes para a formação de um Juízo Condenatório em desfavor do acusado", afirmou o juiz na sentença.

A soma das penas ficou em 32 anos, 6 meses e 1 dia de pena privativa de liberdade. Excluído o período em que o réu esteve em prisão cautelar, a pena concreta e definitiva é de 29 anos, 11 meses e 7 dias de reclusão em regime inicialmente fechado.

Canoísta 'previu' assassinato

O crime ocorreu no dia 13 de setembro de 2017, na praia do Boieiro, que fica nas proximidades da comunidade Lauro Sodré, zona rural de Coari. A atleta de canoagem estava acampando no local.

Segundo o MP, a vítima era canoísta e decidiu navegar sozinha da nascente à foz do Rio Amazonas, em viagem que começou no Peru e terminaria no Brasil.

Após ter sido alertada sobre os riscos da viagem, a inglesa fez uma postagem no Twítter com os dizeres: "Em Coari ou perto (a 100 quilômetros acima do rio) meu barco será roubado e eu serei assassinada. Legal".

"Infelizmente, as palavras de Emma Kelty se cumpriram e ela foi assassinada e roubada, além de ser estuprada e ter o seu corpo destruído com a finalidade de ocultamento de vestígios do crime. Está-se diante de um dos crimes mais bárbaros cometidos no Brasil, o qual teve repercussão internacional", descreveu o promotor Weslei Machado, na denúncia feita pelo MP.

Na sentença, consta que o crime foi cometido com uso de arma de fogo e faca. "Já morta, Emma Kelty teve o seu corpo jogado no Rio Solimões, que, devido às suas características, impede a localização de corpos e objetos", destacou a decisão.

Fonte: G1/AM