Narrativa tem sido usada principalmente por bolsonaristas para ironizar promessa de campanha do atual presidente
Opositores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm usado o preço da picanha como forma de atacar o primeiro mês da gestão do petista. Parlamentares como os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo e Flávio, e o senador Sergio Moro foram alguns dos políticos que usaram o tema para criticar Lula. A narrativa tem como pano de fundo a promessa do presidente durante a campanha de que o brasileiro voltaria a comer picanha caso fosse eleito.
Tanto o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) quanto seu irmão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) compartilharam nas redes sociais o mesmo vídeo ironizando o aumento do preço da picanha. Flávio ainda usou o mote da picanha para comentar a compra feita pelo Palácio do Planalto de 11 móveis, ao custo de R$ 379 mil.
"Não tem picanha, mas tem móveis de quase R$ 400 mil e o Dilma 3 mais mentiroso do que nunca! Daqui pra frente é só pra trás!", postou o senador.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve mesmo um aumento de 0,73% do preço da picanha no país. O aumento, no entanto, não se confirma em uma comparação anual, analisando o período de janeiro de 2022 até o janeiro de 2023. Contando 11 meses do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e um do governo Lula, houve uma diminuição do preço do corte especial de carne de 0,33%.
A narrativa do aumento do preço da picanha como crítica ao atual governo, no entanto, tem sido usada de forma coordenada por políticos bolsonaristas. Desde o dia 9 de fevereiro, data em que foi divulgado o IPCA, índice que mede a variação de preços usado nas metas de inflação do governo, parlamentares apoiadores de Bolsonaro de diversos estados tem usado o mesmo discurso para tentar descredibilizar Lula.
Entre os bolsonaristas que fizeram publicações sobre o tema estão os deputados federais Mário Frias (PL-RJ), Filipe Barros (PL-PR), e Carlos Jordy (PL-RJ). De acordo com levantamento da ferramenta Crowdtangle, do Facebook, que mede o engajamento de posts nas redes sociais, a maioria dos posts de maior repercussão sobre "picanha" nos últimos três dias, tanto no Instagram quanto no Facebook, é de apoiadores do ex-presidente, com destaque para as publicações do Eduardo Bolsonaro, dono dos posts com maior engajamento sobre o tema nas duas redes.
A narrativa, no entanto, não tem sido usada exclusivamente por bolsonaristas. Em sua conta no Twitter, o senador Sergio Moro (União-PR) fez referência à carne ao comentar as recentes falas de Lula sobre a alta taxa de juros no país, responsabilizando o presidente do Banco Central pelo aumento.
"Resumo da semana: Lula já sabe que, em substituição à picanha, entregará inflação e juros altos. Ao invés de olhar no espelho, tenta transferir a culpa pelos seus erros ao Presidente do Bacen e às metas da inflação. Congresso não apoia mudança no Bacen. Muito barulho por nada", postou Moro.
O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB) foi na mesma linha em seu comentário, ao relembrar a fala de Lula sobre a picanha:
"Lula enganou, descaradamente, o povo brasileiro. Prometeu picanha e está entregando juros altos e uma série de retrocessos na economia. Que desastre", escreveu.
Fonte: O GLOBO
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