Time jogou melhor do que na estreia do técnico Jorge Sampaoli, mas criação e conclusão voltaram a ficar aquém do esperado

Perder para o Internacional no Beira-Rio está dentro da normalidade de qualquer clube brasileiro. Mas a forma como o Flamengo sofreu a virada por 2 a 1, neste domingo, acrescentou uma dose extra de frustração para a torcida. Apesar disso, o placar esconde aspectos positivos da partida, a segunda do time sob o comando de Jorge Sampaoli.

Em que pese o resultado ter sido diferente, o futebol apresentado pelo Flamengo foi muito melhor do exibido contra o Ñublense, na estreia do argentino no comando. Diante do Inter, o Flamengo jogou com mais intensidade, girou melhor a bola e criou um pouco mais. Principalmente no segundo tempo.
Taticamente, o time se comportou de forma diferente em relação à estreia de Samapoli. A saída em três contou com a participação de Santos. 

Mas, mesmo sem o trio de zagueiros o treinador não liberou os dois laterais. Ayrton Lucas ficou mais preso para não deixar o corredor aberto a contra-ataques. E coube a Gerson fazer a ponta esquerda, o que não o desobrigou de recompor sem a bola.

O camisa 20 foi o grande destaque individual do time. Apareceu bem pela esquerda (e, depois das substituições, mais pelo meio) e voltou para marcar. Parecia ter fôlego de sobra. Na maioria das vezes em que o Flamengo levou perigo, ele esteve envolvido.

Sua melhor atuação neste retorno ao clube foi premiada com um golaço. Aos 17 da etapa final, ele recebeu de Thiago Maia no centro do campo, acionou Gabigol e o acompanhou. O camisa 10 finalizou muito mal, mas a bola voltou para Gerson, que deu um lençol no goleiro e ainda tirou dos zagueiros que estavam no seu caminho para abrir o placar.

Só que, ao mesmo tempo que esconde a evolução do time, o placar final expõe fragilidades que não podem ser ignoradas. Ainda que melhor do que na primeira partida, o Flamengo segue sofrendo de uma falta de verticalidade nas jogadas e de contundência na frente.

Apesar dos 64% de posse, foram só 12 tentativas de finalização. Quatro delas no primeiro tempo, momento de maior pobreza na frente. Não por coincidência, o gol saiu numa jogada de objetividade e velocidade.

— Penso que o time melhora durante o jogo. Teve muita possibilidade de fazer mais de um gol. Mas o futebol é contundência. Contundência nas áreas. E aí o time perdeu um jogo onde no desenvolvimento foi melhor, mas no final não — analisou Sampaoli.

As substituições na etapa final fizeram o time agredir mais. Mas a conclusão seguiu sendo um ponto fraco. Por sinal, foi uma manhã para ser esquecida pelos atacantes. Um pouco menos Gabigol, que ainda participou do lance do gol (embora tenha finalizado muto mal). Já Pedro não disse a que veio. Sofreu pelo fato da bola chegar pouco até ele e, quando a teve, não ofereceu perigo.

Defensivamente, os erros foram decisivos. No primeiro gol, aos 21 do segundo tempo, Vidal deu espaço para Alan Patrick acionar Vanderson, que se livrou da marcação de Fabricio Bruno com muita facilidade e tocou para Maurício, que se aproximou pelas costas de Ayrton Lucas, empatar na saída de Santos.

O segundo, aos 52, foi o mais dolorido para os rubro-negros. Afinal, o time estava melhor e quase marcara pouco antes com a bola na trave de Matheus França. No lance, Jean Dias ganha de Fabrício Bruno e ficou com a bola. Mas logo caiu na área pedindo pênalti de Santos. Mais uma vez sem ser acompanhado, Maurício ficou com a sobra pela direita. Ao ver Santos adiantado, finalizou por cobertura. Um golaço.

—O Inter estava muito feliz com o empate. Mas em dois laterais eles nos pegam mal posicionados e fazem dois gols em jogadas totalmente isoladas — lamentou Sampaoli.

O Flamengo não tem tempo para se lamentar. Na quarta, no Maracanã, tentará reverter a derrota por 2 a 0 sofrida para o Maringá na partida de ida pela terceira fase da Copa do Brasil. No domingo, volta ao estádio para o clássico com o Botafogo, pelo Brasileiro.


Fonte: O GLOBO