Com quase 60 mil torcedores no estádio, time mostra empenho no 2 a 2 com o atual campeão brasileiro

O Vasco brigou na Justiça pelo direito de jogar no Maracanã diante do Palmeiras. O motivo era claro. Em seu retorno à Série A, o time de São Januário precisaria do maior número de vozes possível para empurrá-lo contra o atual campeão brasileiro e um dos favoritos ao título. 

Os mais de 50 mil vascaínos fizeram sua parte como se esperava no empate em 2 a 2, neste domingo, e fizeram questão de aplaudir a equipe ao apito final.

No entorno do estádio, um desavisado que passasse por lá poderia cravar que se tratava de uma final de campeonato. Não chegava a tanto, mas significava o reencontro dos torcedores com a equipe de volta à elite após dois anos na amarga Série B. 

Daí a presença de todas as gerações vascaínas unidas na tarde de domingo. Desde senhores que viveram os tempos áureos de Roberto Dinamite a bebês de colo levados por seus pais que foram ao Maracanã pela primeira vez.

Todos eles foram o combustível que manteve o time de Maurício Barbieri, que não estava na área técnica por suspensão, ligado quase todo o tempo. Só a torcida ensurdecedora para explicar um empenho acima do comum da equipe que, em boa parte do jogo, conseguiu anular o ímpeto ofensivo de Dudu & Cia — o Palmeiras jogou desfalcado de Raphael Veiga e Roni, machucados.

Por isso mesmo, o jogo ficou truncado no meio-campo ao longo do primeiro tempo. Por onde seguia um jogador do Palmeiras com a bola, lá estava um vascaíno em seu encalço. E a cada roubada de bola ou ataque interceptado, a torcida comemorava como se fosse um gol. E os jogadores vibravam da mesma forma.

Foram mais de 25 minutos nesse ritmo. Outro desavisado que passasse do lado de fora do Maracanã poderia jurar que o Vasco estava com vantagem no placar ou teve várias chances de gol seguidas. Nada disso. O time não teve tanta facilidade de chegar perto da área palmeirense. A saída se dava pela pontas ou pelas bolas longas. 

Mas, do outro lado, também tinha uma equipe reconhecida pela excelente marcação que impõe aos adversários sob o comando de Abel Ferreira, que não ficou no banco de reservas pela expulsão na estreia do Brasileiro.

Até que o Maracanã tremeu finalmente por causa de gols. A equipe vascaína foi certeira no primeiro tempo e precisou de duas boas jogadas para abrir a vantagem no placar. Aos 27 minutos, o time encaixou um contra-ataque, Alex Teixeira cruzou na área e Pedro Raul, livre de marcação, colocou nas redes.

O gol incendiou torcida e time, que acreditou em seu potencial para surpreender o Palmeiras. Aos 39, Piton recebeu de Andrey, driblou Artur e cruzou na linha de fundo para Pedro Raul. O atacante cabeceou, Weverton deu o rebote e Gabriel Pec só empurrou para o gol. A comemoração efusiva do camisa 11 representou cada um dos milhares de vascaínos no estádio.

Apesar do 2 a 0 no placar e da festa nas arquibancadas, todos estavam cientes de quem era o adversário. O time que conquistou quase tudo nos últimos anos sempre vai ter recursos de sobra. Mesmo com os desfalques e longe de apresentar um futebol vistoso na temporada, o Palmeiras sabe levar perigo.

Nos chutes fora de área, Léo Jardim, sempre bem colocado, conseguiu impedir os gols. Mas dentro da área foi diferente. Nada pôde fazer quando, nos acréscimos, Gabriel Menino cruzou para Rafael Navarro, sozinho, cabecear para o chão e diminuir a vantagem vascaína. Foi o primeiro balde de água fria da tarde. Um dos raros momentos em que os palmeirenses que lotaram uma parte do setor Norte se fizeram ouvir no Maracanã.

O esforço do primeiro tempo cobraria na etapa final. Se a torcida ainda tinha voz para continuar sua missão de apoio incondicional, os jogadores já não davam passes com precisão. O Palmeiras fez o que se espera de um candidato ao título. Sufocou o Vasco nos minutos iniciais. Aos 17, achou o empate após novo cruzamento para a área. Desta vez, a cabeçada foi de Artur para deixar tudo igual.

O segundo balde de água fria não foi tão gelado ao ponto de desanimar jogadores e torcidas. Ainda que o risco de levar a virada fosse grande —e quase aconteceu — as arquibancadas lembraram que o time da virada é o Vasco. E foi isso que embalou a equipe até o fim.

Mesmo sem tanta organização, conseguiu equilibrar as ações do jogo, manteve a bola por mais tempo perto do seu ataque e ganhou fôlego com as substituições, com as entradas de Marlon Gomes, Gallarza e Figueiredo, principalmente para segurar o ataque palmeirense. 

A busca pela vitória foi até o último minuto do jogo assim como o apoio vindo das arquibancadas. No que depender dessa união, no Maracanã ou em São Januário, e do empenho do time, o Vasco pode dar um ano tranquilo à sua imensa torcida.


Fonte: O GLOBO