Segundo Ministério do Interior, estratégia tem como objetivo diminuir os custos com acomodação e frear a chegada de imigrantes ilegais

O governo britânico anunciou nesta quarta-feira que alugou uma embarcação para abrigar cerca de 500 pessoas que pediram asilo na Costa Sul da Inglaterra, numa tentativa de reduzir os custos de acomodação e impedir a chegada de migrantes ilegais.

Segundo Ministério do Interior, a embarcação será utilizada "para reduzir a pressão insustentável sob o sistema britânico de asilo e reduzir os custos que contribuem com o aumento significativo de travessias no Canal da Mancha" a partir da França.

A embarcação irá atracar no porto da ilha de Portland, no Canal da Mancha, e abrigará adultos solteiros enquanto seus pedidos de asilo estiverem em processamento. O Ministério indicou que os primeiros moradores chegarão nos "próximos meses".

— Devemos acabar com o uso de hotéis caros para acomodar aqueles que fazem viagens desnecessárias e perigosas. Não colocaremos os interesses dos migrantes ilegais acima dos interesses do povo britânico, a quem fomos escolhidos para servir — disse o secretário de Estado de Imigração, Robert Jenrick.

— Precisamos usar opções alternativas de acomodação, como nossos vizinhos europeus estão fazendo, incluindo o uso de barcaças e balsas para economizar o dinheiro do contribuinte britânico e evitar que o Reino Unido se torne um ímã para solicitantes de asilo na Europa — acrescentou.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, prometeu acabar com as travessias no Canal da Mancha, que no ano passado ultrapassaram 45 mil (principalmente albaneses e afegãos, mas também iranianos, iraquianos e sírios).

Em março, ele apresentou um projeto de lei que visa frear as chegadas irregulares em embarcações precárias que fazem o trajeto. Defensores dos direitos humanos alegam que a medida fere o direito internacional, que exige que os requerentes de asilo sejam protegidos no país em que chegam, estabelecendo que não podem ser enviados à força para áreas inseguras. Londres nega as acusações.

— Essa nova lei enviará uma mensagem clara: se você vier para este país ilegalmente, será rapidamente expulso — disse o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ao jornal The Sun, três dias antes de sua primeira visita à França. — Quem vem [ilegalmente] em barcos não pode pedir asilo aqui.

A iniciativa só é possível, em parte, devido ao divórcio da União Europeia, concluído em 2021 com o Brexit. O Reino Unido continua, contudo, a fazer parte da Corte Europeia de Direitos Humanos. A própria secretária do Interior, Suella Braverman, admite haver cerca de 50% de chance de a medida violar as convenções comunitárias. Não à toa, o projeto foi comparado com políticas da Alemanha nazista.

Desde 2018, aproximadamente 88 mil pessoas fizeram a perigosa travessia em uma das hidrovias mais movimentadas do mundo, ajudando a sobrecarregar o sistema de asilo britânico. Mais de 160 mil pessoas aguardavam uma decisão sobre seu pedido de asilo no Reino Unido no final de dezembro de 2022, segundo dados oficiais, e a maioria esperou mais de seis meses. (Com AFP).


Fonte: O GLOBO