A incrível expansão foi de 54,5%. Especialistas têm dúvidas sobre novos números
A informação foi atualizada no site da Infraero após reportagem do GLOBO, publicada na terça-feira, mostrar que o aeroporto estava trabalhando acima da capacidade, com 10,17 milhões de passageiros em 2022.
A Infraero explicou que a “definição da capacidade de processamento de passageiros tem relação com a demanda, que varia entre horários de pico e de baixo fluxo”. E que segue os critérios estabelecidos pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).
O cálculo, explica a Infraero, considera a operação no teto da capacidade, até 12 horas de pico de movimento ao longo do dia. Em cada hora-pico é possível processar 3.646 passageiros, entre embarques e desembarques. “A capacidade de até 10 milhões de passageiros corresponde à baixa intensidade de uso”, informou a Infraero por meio de nota, frisando que não houve saturação do aeroporto em 2022.
Investimentos
A estatal diz que foram investidos R$ 55 milhões nos últimos seis anos, desde a reforma da pista em 2019 até o embarque 100% digital por biometria, no ano passado. São fatores que reforçaram a capacidade “em níveis adequados em conforto aos passageiros e segurança das operações”, diz a nota.
Essa nova capacidade não foi citada nas reuniões do grupo de trabalho criado pelo governo para discutir soluções para Santos Dumont e Galeão, afirma Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico.
— Esse número nunca foi apresentado. Qual a justificativa para esse aumento repentino? Isso gera dúvidas sobre a verdadeira capacidade do Santos Dumont e como toca a segurança dos passageiros.
A Infraero diz que não faz parte do grupo de trabalho.
O novo governo reativou em fevereiro o grupo de trabalho com Ministério de Portos e Aeroportos, governo do Estado e prefeitura do Rio, sob coordenação da Secretaria Nacional de Aviação Civil.
O Santos Dumont foi retirado da 7ª rodada de leilões de aeroportos sob a justificativa de que era preciso estudar o impacto para o Galeão.
Segundo Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, o Santos Dumont já atingiu o patamar de antes da pandemia, entre 9 e 10 milhões de passageiros por ano. Já o Galeão passou de 17 milhões para entre 3 milhões e 4 milhões.
— Essa quantidade não foi absorvida pelo Santos Dumont. A culpa é da economia do Rio, que não é mais a porta principal de turismo do país — explicou ele, que estranhou o aumento de capacidade para 15,3 milhões.
De acordo com uma fonte do setor, o Santos Dumont, pela classificação que tem na Iata, pode ter cerca de 10 milhões de passageiros. Segundo ela, a limitação da pista restringe o número de passageiros. São 23 movimentos por hora, representando 10 milhões de usuários.
Segundo essa fonte, esse é o número para um serviço razoável dentro do padrão brasileiro. “É claro que se aumentar o número, reduz a qualidade do serviço”, diz.
A Anac afirma que os voos foram autorizados de acordo com a capacidade declarada pelo aeroporto e que essa declaração é de responsabilidade do operador aeroportuário. Procurado, o Ministério de Portos e Aeroportos não respondeu.
Fonte: O GLOBO
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