Presidente e relatores já foram escolhidos por acordo, mas instalação ainda depende de que os partidos indiquem os membros
A Câmara deve instalar nesta quarta-feira três comissões parlamentares de inquérito (CPI). Já há acordo para tirar do papel as CPIs que apuram irregularidades na prestação de contas das Americanas, a que investiga um esquema de manipulação de resultados em partidas do campeonato brasileiro de futebol e a que mira o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
A previsão é que as instalações aconteçam na quarta, mas até a noite de terça-feira nenhuma convocação para a eleição dos presidentes das comissões foi publicada no sistema da Câmara.
A ideia é que o presidente e o relator de cada uma das comissões sejam definidos oficialmente e, a partir disso, os trabalhos de investigação sejam iniciados. Os cargos chaves de todas as três CPIs já foram escolhidos por meio de um acordo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com líderes partidários, mas precisam ser sacramentados nas instalações.
O presidente da CPI define o cronograma das sessões e a ordem dos depoimentos. Já o relator é o responsável por definir o plano de trabalho, que guiará a atuação da CPI, e por elaborar o parecer final, que dará as providências adotadas pelo colegiado.
Em entrevista à Band na segunda-feira, Lira disse que “no que pertine a Câmara dos Deputados, essas 3 CPIs espero que sejam instaladas esta semana".
Na CPI das Americanas, o presidente será o deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE) e o relator será Carlos Chiodini (MDB-SC). As assinaturas foram recolhidas pelo líder do PP na Casa, André Fufuca (MA), e a ideia do colegiado acontece após a crise da empresa, que teve início em janeiro.
CEO da companhia por somente nove dias, Sergio Rial, decidiu renunciar no dia 11 de janeiro e disse que a empresa tem “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços da de 2022 e de anos anteriores. Após isso, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial e passou a ser alvo da Justiça.
Já a CPI das Apostas Esportivas começou a ganhar impulso após uma série de denúncias de um esquema para beneficiar empresas de apostas online. O Ministério Público de Goiás já organiza a Operação Penalidade Máxima, que investiga o caso. O esquema envolve jogadores da série A e B do campeonato brasileiro, que são suspeitos de simular faltas e agirem para manipular resultados de partidas visando beneficiar casas de apostas.
O relator dessa CPI será o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que é ligado às pautas de esporte e turismo na Câmara, e o presidente será Júlio Arcoverde (PP-PI), ligado ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).
Já a do MST será a única que terá o comando da oposição. O ex-ministro do Meio Ambiente e deputado Ricardo Salles (PL-SP) será o relator e o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), da ala bolsonarista de seu partido, será o presidente.
A comissão tenta colocar o MST contra a parede. O movimento fez no último mês uma série de ações, que incluiu um ataque à sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, em Pernambuco, para pressionar pela ocupação de terras e pela nomeação de superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Depois de criticar as invasões, o governo fez acenos recentes ao MST. Nomes distantes ideologicamente do movimento, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, já visitaram feiras do MST.
Por outro lado, o Poder Executivo, principalmente na figura do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem procurado tentar um ponto de equilíbrio entre os interesses dos ruralistas e do MST.
Há também uma quarta CPI da Câmara, que investiga o uso de criptomoedas. Diferente das outras, ela não será instalada amanhã, mas já há acordo para ela ser criada. A ideia é que o deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), que coletou as assinaturas, seja o presidente, e a relatoria fique com um deputado do PT.
Em relação à CPMI dos ataques golpistas do 8 de janeiro, não há perspectiva de ela ser instalada. Senadores da base do governo admitem que o Planalto não tem estratégia para a comissão e preferem que ela não aconteça. Da mesma forma, a oposição também tirou a pressão pela instalação após o ex-presidente Jair Bolsonaro sofrer seguidas derrotas na Justiça.
Fonte: O GLOBO
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