Senador Canedo, em Goiás, deu salto de 84,3% na população, após virar o maior polo petroquímico do Centro-Oeste
De uma cidade-dormitório de 64 mil habitantes a um município de economia própria e geração de empregos com mais de 155 mil moradores: esse foi o salto de Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia (GO), nos últimos 12 anos.
A pequena cidade a menos de 20 quilômetros da capital do estado foi a que mais cresceu em termos de população entre 2010 e 2022 no país, segundo dados do Censo Demográfico do IBGE. O número de moradores quase dobrou no período, com um aumento de 84,3%.
A cidade é um exemplo do dinamismo do Centro-Oeste, região que mais cresceu no país nos últimos 12 anos. Foi a única em que a expansão média da população superou 1% na média anual, em que pese estar se expandindo a um ritmo mais lento do que nas décadas anteriores, como de resto todo o país.
A região, que tem ganhado participação no PIB brasileiro em razão do avanço do agronegócio, teve um crescimento populacional de 1,23% ao ano.
Mas em Senador Canedo o agro não é a única explicação para o dinamismo populacional. O crescimento no número de habitantes e a transformação econômica da cidade goiana de apenas 34 anos estão ligados a uma base de distribuição de combustíveis da Petrobras, que chegou ao local em 1996.
Hoje, a subsidiária da Transpetro em Senador Canedo é o maior polo petroquímico do Centro-Oeste e a principal fonte de renda dos canedenses.
No ranking das cidades que mais cresceram no país, Senador Canedo é seguida por Fazenda Rio Grande, no Paraná, com uma expansão de 82,3%, para 148,8 mil habitantes; e Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, com um aumento de 79,5%, para 60,1 mil habitantes.
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Além disso, Canedo é movimentada por distritos industriais consolidados com empresas dos setores alimentício, de confecção e de cosméticos. Instaladas nos limites do município, as fábricas são vistas de longe nos pontos mais altos da região e contrastam com a paisagem interiorana e tranquila da área habitacional.
Fernando Pellozo, prefeito de Senador Canedo, disse que a busca por empregos em indústrias e na petroleira causou uma taxa de crescimento populacional ainda maior no período de 1991 a 2010: 253%.
— Até 1991, Canedo era essencialmente uma zona rural e, hoje, a maior parte, 99%, é urbana. E o crescimento populacional acompanhou o crescimento econômico. Estamos em décimo lugar no estado em arrecadação do ICMS — afirmou.
A prefeitura tem se atentado, também, para a rápida expansão de condomínios horizontais, e tenta conter o crescimento desordenado com medidas como a fiscalização de novos loteamentos e conjuntos habitacionais. Segundo dados preliminares do IBGE, o número de domicílios existentes passou de 27 mil para quase 60 mil.
Quanto aos espaços ainda vazios ainda existentes no município, a gestão prevê que logo aparecerão novos moradores para ocupá-los.
— O salto populacional não nos pega de surpresa. Veja, é uma cidade colada à Goiânia, com aeroporto e shopping próximos. O sistema de transporte coletivo é o mesmo, e temos cada vez mais oportunidades de emprego. A perspectiva é que venham ainda mais moradores e grandes empresas nos próximos anos — comentou o Secretário de Finanças, Alessandro Rodrigues.
Canedo, por muito tempo, operou como uma cidade-dormitório de Goiânia. Apesar de ser praticamente independente, muitos moradores do município trabalham ou estudam na capital do estado e buscaram a cidade vizinha pelo custo de vida menor.
O professor do Departamento de Geografia e do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília, Fernando Luiz Araújo Sobrinho, destaca que Goiânia não tem mais como se expandir, portanto, o crescimento populacional ocorre em cidades vizinhas, como Senador Canedo e Aparecida de Goiânia.
— Além da proximidade de Goiânia e do aeroporto, da logística da Petrobras e do parque industrial no município, há tanto condomínios de alto padrão surgindo como unidades habitacionais de programas como o Minha Casa, Minha Vida. Goiânia está 100% ocupada, não tem mais para onde crescer — disse o acadêmico.
Problemas com água
Para moradores, a cidade ainda carece de opções de lazer, como shoppings, cinemas e um bom centro para prática de esportes. A atividade preferida de Marcilene Alves, de 46 anos, é ir à feira na praça da cidade aos sábados e passar tempo com os vizinhos. Mãe de três, a diarista natural de Tocantins mora desde 2001 em Canedo e diz que não se preocupa em deixar seus filhos até mais tarde jogando bola na rua.
— É uma cidade bem tranquila, com pouca violência. Vim para cá atrás de emprego e a cidade cresceu muito, principalmente os comércios. Vira e mexe vamos à Goiânia quando precisamos resolver problemas ou queremos ir ao shopping grande, mas não sinto tanta falta — comentou.
A principal reclamação de Reinaldo Pereira, 66, é a falta de água no período de estiagem. Segundo moradores, o problema é frequente durante todo o ano, porém piora ainda mais na seca. Alguns relatam ficar semanas sem água no período.
— Esse problema afeta vários bairros. Tem vezes que ficamos dias, até semanas, sem. Quando isso acontece é a maior dificuldade, os vizinhos se ajudam para fazer as coisas básicas — relatou o vigilante afastado.
De acordo com a prefeitura, um novo reservatório começou a ser feito a partir de junho para solucionar os transtornos. O objetivo é ampliar o abastecimento de água para mais de 100 mil pessoas.
Fonte: O GLOBO
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