O destino do bolsonarismo e seu futuro político como um movimento da extrema-direita ainda é uma incógnita, mas o papel que Jair Bolsonaro terá de agora em diante já está claro: apoio integral às agendas e planos do PL. É essa, ao menos, a expectativa dentro da cúpula do partido.

A obediência de Bolsonaro ao roteiro traçado por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, está diretamente atrelada ao controle que a legenda passou a ter de sua vida política e pessoal.

É do PL que sai o dinheiro para pagar as contas da casa de Bolsonaro, além de seu salário como presidente de honra da sigla, e de sua esposa, Michelle Bolsonaro, como presidente do PL Mulher. Os dois juntos recebem, só do partido, mais de R$ 80 mil mensais.

Além disso, o PL arca com outra frente essencial para o ex-presidente: os custos com advogados criminalistas e eleitorais que representam Bolsonaro nas diversas ações que ele responde na Justiça. Não há almoço grátis.

Valdemar espera que o ex-chefe do Executivo assuma seu papel de cabo eleitoral e que trabalhe para ampliar a base do partido nas eleições municipais de 2024.

A estratégia de insistir em reverter a decisão do TSE é tida como “jogo de cena” no PL, que espera ver o ex-presidente em ação o mais breve possível, pelas campanhas municipais do ano que vem.

Quando é perguntado sobre o tema, Valdemar insiste em dizer publicamente que o ex-presidente manterá seus direitos políticos, quando, nos bastidores, a inelegibilidade já são favas contadas há tempos no PL.

Bolsonaro acumula duas aposentadorias como ex-militar, ex-deputado e, agora, ex-presidente. Há quem diga que, por isso, ele não teria razão para se preocupar com dinheiro, uma vez que também é dono de imóveis, assim como com seus filhos.

Como informou a coluna, hoje o único temor na legenda é que Bolsonaro jogue a toalha e não assuma esse papel quando seus direitos políticos forem cassados. Há o receio de que ele possa submergir e ficar recluso, como ocorreu no período em que se deprimiu, após a derrotada para Lula.


Fonte: O GLOBO