Kryvyi Rih, onde nasceu o presidente ucraniano, fica na região central do país e registrou 32 feridos vítimas de incêndio em prédio residencial

Ao menos 11 pessoas morreram e 32 ficaram feridas em um ataque russo contra a cidade de Kryvyi Rih, na região central da Ucrânia, onde um míssil destruiu um prédio residencial. O governo ucraniano também relatou ataques noturnos em Kharkiv, no nordeste do país, além da capital Kiev, que receberá nas próximas horas a visita do diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi. Após o ataque a Kryvyi Rih, cidade natal do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky disse que "os terroristas nunca serão perdoados e serão responsabilizados por todos os mísseis que lançaram".

"Mais mísseis terroristas, assassinos russos continuam sua guerra contra edifícios residenciais, cidades comuns e pessoas. Infelizmente, há mortos e feridos. A operação de resgate em Kryvyi Rih continua. Meus sentimentos a todos aqueles que perderam seus entes queridos!", escreveu o presidente ucraniano.

O conselheiro presidencial Mykhailo Podolyak, por sua vez, acusou a Rússia “de destruir descaradamente a Ucrânia”, após o ataque da madrugada. Além do edifício residencial, o governo de Dnipropetrovsk identificou mais duas áreas "civis" afetadas pelas explosões.

Nesta terça, o governador regional da Dnipropetrovsk, Serguii Lyssak, anunciou um balanço atualizado de 11 vítimas fatais no bombardeio.

Já a coordenadora humanitária da missão na Ucrânia da agência de Coordenação de Assuntos Humanos das Nações Unidas (OCHOA) lembrou que "a lei internacional humanitária é clara: civis e infraestruturas civis não são alvos!".

Os ataques aconteceram pouco antes de Moscou anunciar que capturou vários tanques alemães Leopard e veículos Bradley americanos. As autoridades russas divulgaram imagens de soldados locais inspecionando os aparelhos fornecidos à Ucrânia por países ocidentais.

"Tanques Leopard e veículos de combate de infantaria Bradley. Estes são os nossos troféus. Equipamentos das Forças Armadas ucranianas na região de Zaporíjia", afirmou o ministério russo da Defesa em um comunicado.

Em Kiev, a administração militar relatou ataques noturnos com mísseis de cruzeiro, mas destacou que "todos os alvos inimigos no espaço aéreo ao redor de Kiev foram detectados e destruídos com sucesso".

O prefeito de Kharkiv, Igor Terekhov, anunciou um ataque de drones "contra infraestruturas civis", que atingiram um hangar e as instalações de uma empresa.

Vilarejos liberados

Graças a sua contraofensiva, a Ucrânia conquistou no sábado várias pequenas aldeias ao longo do rio Mokri Yaly, na cidade de Velyka Novosilka. No domingo, a vice-ministra da Defesa Hanna Maliar disse que os avanços das tropas de Kiev na área são de entre 5 e 10 km. Na segunda-feira, um alto funcionário nomeado pela Rússia, Vladimir Rogov, admitiu que as forças ucranianas "mantinham as suas posições nos arredores a norte e leste da vila”.

Também na segunda, Zelensky afirmou que a contraofensiva ucraniana é "difícil, mas avança".

— Os combates são difíceis, mas estamos avançando, isso é muito importante — declarou o presidente ucraniano em seu pronunciamento diário, destacando que as "perdas inimigas são exatamente do nível que precisamos".

— O tempo não é favorável, a chuva torna nosso trabalho mais difícil, mas a força de nossos soldados dá bons resultados.

Pouco antes, o governo ucraniano anunciou a retomada, desde o fim de semana, de sete vilarejos nas regiões sul e leste do país. "Sete vilarejos foram libertados", anunciou a vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar, no Telegram. Ela calculou em 90 quilômetros quadrados a superfície de território recuperada pelos ucranianos.

O ministério da Defesa afirmou, nesta segunda, que avançou de 250 a 700 metros na região leste de Bakhmut, na direção da cidade de mesmo nome, que é cenário de uma das batalhas mais violentas desde o início da guerra.

A Rússia afirmou que impediu ataques ucranianos no leste de Donetsk, perto de Velkya Novosilka e de Levadne, nas proximidades de Zaporíjia, no sudeste da Ucrânia. Não foi possível confirmar as reivindicações de Moscou e Kiev com fontes independentes.

Central nuclear

De acordo com analistas militares, a Ucrânia ainda não mobilizou a maior parte de suas forças na contraofensiva e está testando a frente de batalha com múltiplos ataques para determinar os pontos mais fracos. A contraofensiva ucraniana vai durar "várias semanas, ou até meses", declarou na segunda-feira o presidente da França, Emmanuel Macron.

— Nós desejamos que a contraofensiva seja o mais vitoriosa possível para que, em seguida, seja possível iniciar uma fase de negociação em boas condições — complementou.

A AIEA confirmou que seu diretor, Rafael Grossi, visitará nesta terça-feira a Ucrânia para inspecionar a central nuclear de Zaporíjia e analisar o impacto da destruição da barragem de Kakhovka no rio Dniéper. Depois de passar pela capital ucraniana, Grossi se dirigirá para a central ZNPP, ocupada pelos russos, "para avaliar a situação e organizar um novo rodízio de especialistas".

Desde o início da invasão, o diretor da AIEA vem advertindo para o risco de um acidente nuclear nesta usina do sudeste da Ucrânia, a maior da Europa. A destruição da represa de Nova Kakhovka não provocou nenhum efeito até o momento na área de resfriamento da usina. Em outras partes do sul do país, no entanto, causou graves inundações e matou 17 pessoas na zona sob controle da Rússia e 10 na área controlada pela Ucrânia.


Fonte: O GLOBO