Publicação foi apagada das redes sociais da advogada Élida Fabrícia; em outra postagem, ela falou em censura e em criminalização da advocacia
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) determinou a instauração de procedimento para apurar possível infração ético-disciplinar por parte de Élida Fabrícia. A advogada, que é ela própria integrante do conselho, viralizou nos últimos dias após publicar nas suas redes sociais um vídeo no qual afirmava que 'Dia dos namorados combina com crime passional'. Após a repercussão, a postagem foi deletada da sua conta no Instagram.
Segundo a OAB, a advogada comunicou ao presidente nacional do órgão, Beto Simonetti, que pediria afastamento do cargo a partir desta terça-feira. Em nota, Simonetti afirmou que "a OAB repudia o estímulo à prática de crimes e tem atuado concretamente em defesa das mulheres, combatendo qualquer violência de gênero". Ele disse, ainda, que a conselheira federal terá acesso à ampla defesa e ao contraditório durante o procedimento.
A Ordem dos Advogados do Piauí (OAB-PI) disse por meio de nota nesta terça-feira que levaria o caso da advogada Élida Fabrícia ao Conselho Federal da OAB através de sua Corregedoria e Tribunal de Ética.
A OAB do Piauí disse ainda que o vídeo "não corresponde ao pensamento da instituição".
— Dia dos namorados chegando e isso me faz lembrar aqueles gostinhos extravagantes da advogada criminalista. Eu adoro um crime passional. Adoro quando chega aquele processo quentinho, gostosinho, bem formado com crime passional. São os tipos de crimes mais interessantes para a gente trabalhar no tribunal do júri — diz a advogada, antes de concluir — Dia dos namorados combina com crime passional. Não faz isso, mas se fizer me liga.
Na tarde desta terça-feira, Élida Fabrícia fez uma publicação com referências ao episódio. Em um stories publicado na sua conta no Instagram, ela escreveu: "Censura. Como de costume, a advocacia criminal sendo criminalizada", embaixo dos dizeres há uma imagem do vídeo que causou a polêmica.
Horas depois, Élida Fabrícia publicou nas suas redes sociais uma série de vídeos se explicando sobre o caso e pedindo desculpas pelas declarações. Ela disse ainda atuar de forma gratuita como assistente de acusação em casos de violência contra a mulher.
— Não se trata de forma alguma de apologia ao crime ou de incentivo, depreciação de vida de mulheres (...) Essa advogada que vós fala está acostumada a trabalhar tanto como assistente de acusação quanto na defesa, de ambos os lados — diz a conselheira da OAB em um deles.
— A advocacia criminal é vista com certo preconceito porque nós, como advogados e advogadas, estamos ao lado das pessoas que estão no degrau mais baixo de degradação, sendo acusadas de crimes. Algumas vezes, inocentes. E muitas vezes culpadas. E inocentes ou culpadas, essas pessoas vão ter direito a uma defesa — continua ela em seguida.
Fonte: O GLOBO
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