As novas mensagens e documentos golpistas encontrados no celular do coronel Mauro Cid aumentaram a tensão entre Jair Bolsonaro e seus aliados sobre os telefones que estão em posse da Polícia Federal.

Os investigadores têm feito uma análise minuciosa de ao menos cinco aparelhos que podem trazer mais complicações ao ex-presidente na Justiça.

Além do celular do próprio Cid, que tem revelado conteúdos relacionados a planos de golpe de Estado e fraude de vacina, a PF analisa com lupa os aparelhos de dois dos ex-auxiliares mais próximos do ex-presidente: Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro. Ambos acompanhavam de perto Bolsonaro desde os tempos da Câmara dos Deputados.

Max Guilherme foi segurança do ex-presidente e, posteriormente, acabou promovido a assessor especial da Presidência. Quando Bolsonaro foi derrotado, Max Guilherme foi nomeado um dos assessores aos quais Bolsonaro tem direito como ex-presidente. Ele chegou a ir para os Estados Unidos durante a estada de três meses do ex-chefe do Executivo naquele país.

Já o capitão da reserva Sergio Cordeiro tinha um cargo alto como assessor da Presidência desde no governo passado.

A proximidade direta de ambos a Bolsonaro e o longo tempo que trabalham com o ex-presidente são motivos de preocupação no entorno do capitão devido à exposição de dados que seus telefones podem conter. Ambos seguem presos, assim como Mauro Cid.

O celular do próprio ex-presidente aprendido pela PF também é foco de preocupação. A avaliação da família, no entanto, é que Bolsonaro sempre se precaveu em relação ao próprio telefone, com troca frequente de aparelho e medidas, como evitar falar pelos aparelhos sobre assuntos “delicados”.

O celular do senador Marcos do Val (Podemos-ES) também desponta como um novo ponto de tensão. Aliados de Bolsonaro afirmam que ele não costumava ter conversas com o parlamentar, mas revelam receio de que Do Val tenha “usado” o nome do ex-presidente em situações que podem implicá-lo mais com o Judiciário.

A PF está analisando o conteúdo desses e de outros telefones apreendidos em operações para produzir relatórios com o material extraído dos aparelhos. Essas provas são apontadas por investigadores como centrais nos inquéritos que miram Bolsonaro e seus auxiliares.


Fonte: O GLOBO