Dina Boluarte apresentou no começo do ano dois projetos para adiantar pleito, mas ambos foram rejeitados por falta de consenso
A presidente peruana, Dina Boluarte, descartou, na noite de quinta-feira, a convocação de eleições antecipadas no Peru, após a convocação de novos protestos da oposição exigindo a sua renúncia. No mesmo dia, a ministra da Saúde renunciou pressionada pelo maior surto de dengue no país em cinco anos, com um balanço de pelo menos 248 mortos e 147 mil contágios.
A presidente peruana apresentou no começo do ano ao Congresso, controlado pela direita, dois projetos para antecipar as eleições para 2024, primeiro para abril e depois para dezembro, mas ambos foram rejeitados por falta de consenso.
Boluarte era vice-presidente do Peru até assumir o cargo, em 7 de dezembro, após a destituição do presidente Pedro Castillo, por sua tentativa de dissolver o Congresso, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte. Castillo está em prisão preventiva em Lima, aguardando a decisão da Justiça sobre um eventual julgamento.
— O assunto do adiantamento das eleições está encerrado, continuaremos trabalhando de forma responsável e de acordo com a Constituição até julho de 2026 — disse Dina ao término de um conselho de ministros em Lima.
Embora no mês passado Boluarte tenha dito a um jornal local que sua intenção é "governar de acordo com a Constituição", esta é a primeira vez que ele declara sem hesitar seu plano de permanecer no poder pelos próximos três anos.
O anúncio foi uma resposta da mandatária aos movimentos da oposição, que planeja marchar em direção a Lima nos próximos dias. Os organizadores, incluindo a Federação Departamental dos Trabalhadores de Arequipa, preparam a "terceira ocupação de Lima" — duas marchas foram realizadas no primeiros meses do ano exigindo a saída de Boluarte e novas eleições.
Na quinta, a presidente pediu a suspensão dos protestos, para evitar mortes.
— Pergunto a essas pessoas que estão anunciando a terceira ocupação de Lima: quantas mortes mais elas querem?
Agravando a crise política no país, a ministra da Saúde Rosa Gutiérrez Palomino apresentou sua carta de renúncia, durante uma audiência no Congresso sobre o surto de dengue que provocou o colapso dos hospitais em regiões do norte do país como Piura, uma das mais afetadas, onde foram registradas 82 mortes. Palomino atribuiu o aumento dos contágios às temperaturas elevadas e às chuvas que afetaram o norte do país no primeiro trimestre do ano.
— O assunto do adiantamento das eleições está encerrado, continuaremos trabalhando de forma responsável e de acordo com a Constituição até julho de 2026 — disse Dina ao término de um conselho de ministros em Lima.
Embora no mês passado Boluarte tenha dito a um jornal local que sua intenção é "governar de acordo com a Constituição", esta é a primeira vez que ele declara sem hesitar seu plano de permanecer no poder pelos próximos três anos.
O anúncio foi uma resposta da mandatária aos movimentos da oposição, que planeja marchar em direção a Lima nos próximos dias. Os organizadores, incluindo a Federação Departamental dos Trabalhadores de Arequipa, preparam a "terceira ocupação de Lima" — duas marchas foram realizadas no primeiros meses do ano exigindo a saída de Boluarte e novas eleições.
Na quinta, a presidente pediu a suspensão dos protestos, para evitar mortes.
— Pergunto a essas pessoas que estão anunciando a terceira ocupação de Lima: quantas mortes mais elas querem?
Agravando a crise política no país, a ministra da Saúde Rosa Gutiérrez Palomino apresentou sua carta de renúncia, durante uma audiência no Congresso sobre o surto de dengue que provocou o colapso dos hospitais em regiões do norte do país como Piura, uma das mais afetadas, onde foram registradas 82 mortes. Palomino atribuiu o aumento dos contágios às temperaturas elevadas e às chuvas que afetaram o norte do país no primeiro trimestre do ano.
Depois do Brasil, o Peru registra a segunda maior taxa de mortalidade por causa da dengue na América Latina e seus números globais são 365% superiores à média dos últimos cinco anos, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Repressão a protestos
A repressão do governo peruano desde que Boluarte assumiu a Presidência, em dezembro do ano passado, resultou em 50 mortes, das quais cerca de 20 foram causadas por tiros disparados pelas forças militares, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Em janeiro, o Ministério Público abriu uma investigação sobre a gestão da presidente e de outros altos funcionários por supostos crimes de "genocídio, homicídio qualificado e lesões graves". No entanto, Boluarte tem imunidade até o fim de seu mandato, em julho de 2026.
Fonte: O GLOBO
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