Equipes de resgate dos EUA e Canadá intensificaram esforços de busca por submersível e cinco passageiros a bordo
O submarino que desapareceu no Oceano Atlântico durante uma expedição para os destroços do Titanic teria entre 50 e 76 horas a mais de oxigênio disponível na manhã desta terça-feira. Equipes de resgate dos Estados Unidos e Canadá intensificaram os esforços para encontrar o submersível e os cinco passageiros que estavam a bordo para a missão.
Na segunda-feira à tarde, a Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou que o veículo tinha uma carga de emergência de oxigênio capaz de suprir a tripulação de cinco pessoas durante quatro dias.
— Nós entendemos que havia 96 horas de capacidade emergencial de oxigênio na operação. Então nós estimamos que há entre 70 [horas] até o máximo de 96 horas disponíveis a esta altura — destacou o contra-Almirante John Mauger, durante entrevista a jornalistas em Boston, de onde coordena a operação.
Não se sabe ao certo quando a tripulação teria começado a usar a carga de emergência de oxigênio. A embarcação, operada pela empresa OceanGate Expeditions, iniciou a descida na manhã de domingo (18) e perdeu contato com a superfície menos de duas horas depois, de acordo com as autoridades.
Entre as pessoas a bordo do submarino está o bilionário e aviador britânico Hamish Harding, 58 anos, fundador e CEO da empresa Action Aviation. O empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman também estavam no submarino, informou a família.
"O contato foi perdido com o submarino e as informações disponíveis são limitadas", afirmou a família em um comunicado.
A Guarda Costeira americana explicou que as operações de busca são complexas.
— É um desafio realizar uma busca nessa área remota, mas estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo — afirmou Mauger à imprensa. — Trabalhamos muito duro para encontrá-los.
As buscas, na superfície ou debaixo d'água, envolvem uma região "de quase 1.450 quilômetros ao leste de Cape Cod, a uma profundidade de cerca de 4.000 metros".
Corrida contra o tempo
O tempo é um fator crítico. As buscas aéreas, que não apresentaram resultados na segunda-feira, foram suspensas durante a noite, informou a Guarda Costeira às 21h (22h de Brasília). O navio "Polar Prince", do qual zarpou o submarino, e uma unidade da Guarda Nacional continuaram rastreando a região durante a noite.
"O submarino foi lançado com sucesso", tuitou no domingo a empresa Action Aviation, com sede em Dubai.
"A tripulação do submarino é composta por vários exploradores lendários, incluindo alguns que fizeram mais de 30 mergulhos no RMS Titanic desde os anos 1980", afirmou o próprio Harding no Instagram no sábado, ao anunciar sua participação na missão.
O contra-almirante Mauger não divulgou informações sobre as pessoas que estavam a bordo "por respeito às famílias" e se limitou a declarar que, segundo a empresa operadora, são quatro pessoas e um piloto.
A Action Aviation, procurada pela AFP, não fez comentários.
Para as buscas foram mobilizados dois aviões, um C-130 americano e um P8 canadense equipado com um sonar capaz de detectar submarinos, segundo a Guarda Costeira.
A OceanGate Expeditions explicou em um comunicado que "explora e mobiliza todas as opções para conseguir resgatar a tripulação em total segurança".
No site, a empresa informa que utiliza um submarino batizado como "Titan" para as expedições a uma profundidade máxima de 4.000 metros (13.100 pés). A embarcação tem autonomia de 96 horas para uma tripulação de cinco pessoas.
'Poucas embarcações' a tanta profundidade
O Titanic zarpou do porto inglês de Southampton em 10 de abril de 1912 para sua viagem inaugural rumo a Nova York, mas afundou depois de colidir com um iceberg cinco dias depois. Dos 2.224 passageiros e tripulantes, morreram quase 1.500.
Os destroços do transatlântico foram descobertos em 1985 a 650 quilômetros da costa canadense, a 4.000 metros de profundidade, em águas internacionais do Oceano Atlântico. Desde então, a área é visitada por caçadores de tesouros e turistas.
Sem ter estudado esta embarcação especificamente, Alistair Greig, professor de Engenharia Marinha na University College London, sugeriu duas possíveis teorias, com base em imagens do submersível publicadas pela imprensa.
Ele disse que, se houve um problema elétrico ou de comunicações, a embarcação pode ter subido para a superfície e permanecido flutuando, "à espera de ser encontrada".
"Outro cenário é um comprometimento do casco de pressão, um vazamento", explicou. "Então o prognóstico não é bom", acrescentou.
Embora o submarino ainda possa estar intacto durante o mergulho, "são poucas as embarcações" capazes de ir até a profundidade em que o Titan pode ter viajado.
Fonte: O GLOBO
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