Holding do grupo entrou com pedido em maio

O investidor Nelson Tanure disse que votará a favor do pedido de recuperação judicial da Light, do Rio de Janeiro, na assembleia de acionistas de quarta-feira, tornando a aprovação da medida praticamente certa.

— Estamos procurando uma unidade completa de direcionamento para a empresa — disse Tanure em entrevista.

Tanure, um dos mais conhecidos investidores de ativos inadimplentes no Brasil, detém uma participação de 21,8% na Light por meio do fundo WNT Gestora de Recursos Ltda, depois de começar a comprar ações quando elas caíram no início deste ano. Ele agora supera Ronaldo Cezar Coelho, que tem cerca de 20%, e o bilionário Carlos Sicupira, com cerca de 10%. As ações da Light subiram 11,66% neste ano.

A holding entrou com pedido de recuperação judicial em 12 de maio, após avisar que estava lutando para pagar suas dívidas de R$ 11 bilhões e precisava de autorização do governo para aumentar as tarifas. A decisão gerou muitos protestos dos detentores de debêntures, que prometem uma briga judicial.

— Eles entraram com o pedido por meio da holding, que não tem dívida alguma, por conta da situação ruim da subsidiária de distribuição, que não pode recorrer ao processo de recuperação judicial pela lei brasileira — disse à época Claudio Brandão Silveira, sócio-fundador na BeeCap, uma consultoria boutique que representa um grupo de debenturistas com cerca de R$ 5 bilhões em dívidas da Light.

O processo de recuperação judicial foi homologado pela Justiça do Rio de Janeiro em 15 de maio. No mesmo dia, a empresa informou que, para levantar caixa, estuda vender o negócio de geração, segundo seu presidente Octavio Lopes. Em um webcast, ele acrescentou que essa venda “não é a melhor solução”.

No início deste mês, a concorrente Equatorial Energia informou que estava avaliando alguns ativos da Light.

A Light enfrenta o duplo desafio de negociar com os investidores em recuperação judicial e, ao mesmo tempo, convencer o governo a renovar sua concessão em termos mais favoráveis. A empresa também precisa continuar investindo nas operações durante o período de revisão de 180 dias, caso contrário o governo provavelmente cancelará a concessão, disse Lucas Rios, analista da Fitch Ratings.

Mesmo que a Light obtenha autorização para cobrar tarifas mais altas, não há garantia de que isso aumentará os lucros, porque poderia encorajar os clientes pagantes a começar a roubar eletricidade, disse Rios.

— Nada é simples aqui. A tarifa já está muito alta. Alguns clientes regulares podem se tornar irregulares no dia seguinte.


Fonte: O GLOBO