Autoridades buscam destruir equipamentos e identificar fontes de recursos; estimativa é que 90% dos invasores já tenham deixado a área

Quase cinco meses após o início da operação para expulsar garimpeiros do Território Indígena Yanomami, a estimativa é que 90% das cerca de 20 mil pessoas que atuavam ilegalmente no local deixaram a região. Agora, as atividades de monitoramento têm sido utilizadas para localizar os invasores “residuais”. Ao mesmo tempo, há um esforço para inutilizar equipamentos e acabar com as fontes de financiamento, para impedir que eles retornem.

A operação começou no fim de janeiro, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitar a terra indígena e o governo federal declarar emergência de saúde pública. Participam das ações conjuntas órgãos como Ibama, Polícia Federal, Funai e as Forças Armadas.

Na semana passada, um decreto aumentou as atribuições dos militares na operação. Agora, além do apoio logístico e de inteligência, eles também passaram a realizar ações repressivas, incluindo prisões em flagrante, patrulhamento e revista de pessoas.

A ação para localizar os garimpeiros que restam na terra indígena começa, geralmente, do alto. Imagens aéreas são utilizadas para fazer o reconhecimento do local. Depois que um garimpo é identificado, focos de calor auxiliam na identificação de quantas pessoas atuam nele. Até o momento, foram catalogadas 70 pistas de pouso clandestinas e 19 garimpos.

— Não é simplesmente a foto do garimpo. São fotos de dia, de noite, com equipamento diferente. Isso nos faz chegar a uma conclusão a respeito de quantidade de pessoas, localização de objeto, e faz com que nós planejemos melhor as nossas ações — explicou o chefe do estado-maior do comando conjunto, o brigadeiro do ar André Peçanha.

Com a identificação do local e do número de garimpeiros que estão lá, agentes são enviados a campo para levantar mais informações. Depois disso, a operação de retirada é realizada de fato.

— Nós infiltramos as nossas tropas para fazer um levantamento inicial. Temos a localização, o efetivo e, a partir daí, fazemos a atuação — afirma o comandante do comando conjunto, general Ricardo Costa Neves.

Costa Neves afirma que um dos objetivos é evitar o retorno dos garimpeiros. Para isso, um dos pontos principais é a destruição de balsas, bases e outros equipamentos utilizados. Também há investigações em curso sobre as origens dos recursos.

— Nós estamos neutralizando os equipamentos. Além disso, estamos fazendo o acompanhamento da onde vem esse apoio logístico a eles e estrangulando essas fontes — completa o general.

O valor dos materiais apreendidos ou inutilizados até agora soma R$ 30,9 milhões. Em quantidade, a maior parte corresponde a cassiterita (42 kg) e combustível (8.800 litros).

De acordo com o contra-almirante Luis Manoel de Campos Mello, um grupo de oito garimpeiros foi abordado na terça-feira no Rio Catrimani, deixando o local, e um deles disse que "o garimpo está sufocado em sua logística".

O repórter viajou a convite do Ministério da Defesa


Fonte: O GLOBO