Equipe projetou robô capaz de reconhecer vítimas e percorrer labirinto que simula desastre natural

Alunos do ensino fundamental e médio de colégios particulares de São Paulo conquistaram o primeiro lugar na RoboCup, um torneio mundial de robótica, disputado entre os dias 4 e 10 de julho em Bordeaux, na França. Para a competição, as equipes precisaram projetar protótipos de robôs, capazes de reconhecer e resgatar vítimas em simulações de desastres, como terremotos.

A competição, que recebeu cerca de 2.500 estudantes de 50 países, é dividida em diversas categorias, separadas em equipes sênior, para universitários, e júnior, para escolas. Durante a semana de evento, três equipes brasileiras alcançaram o pódio, em diferentes modalidades. Dentre elas, a equipe Defenders, do Colégio Objetivo, conquistou o primeiro lugar no modelo Rescue Maze.

O grupo, formado por Arthur Damásio, de 17 anos, Gabriel Buck, de 18, e Felipe Meira, de 14, projetou um robô capaz de percorrer de forma totalmente autônoma um labirinto, que simula cenários em áreas de risco e acidentadas. O objetivo do protótipo é alcançar locais onde humanos não conseguem vasculhar, entrando em pequenos espaços para encontrar e resgatar vítimas de um desastre.

Na atividade, as pessoas em perigo são representadas pelas letras H, S e U, e pelas cores verdes, amarelo e vermelho. O robô precisa utilizar a inteligência artificial para entender os símbolos e, quando os encontra, precisa performar uma rotina de resgate, piscando um LED em até 5 segundos e liberando um kit de primeiros-socorros.

– O maior desafio é o reconhecimento das letras, que podem estar invertidas e espelhadas. Dependendo da perspectiva o robô, ele pode não conseguir reconhecer a letra. Por isso, cabe ao programador pensar em todos os cenários possíveis e preparar o protótipo para enfrentá-los – contou Arthur, responsável pela programação do robô.

O protótipo da equipe brasileira, em conjunto com o de um time alemão, percorreram labirintos diferentes de forma simultânea, comunicando um ao outro via Bluetooth quando encontravam vítimas. No último round, o mais difícil e acidentado, os dois conseguiram realizar os seis regates previstos e andar todo pelo mapa completo.

Desenvolvido em apenas três meses pelos integrantes da equipe Defenders, o robô foi equipado com um sistema que simula o cérebro, onde acontece tomada de decisão, o mapeamento do ambiente e a leitura de sensores, outro sistema para a comunicação com com os motores, 100 sensores ultrassônicos para evitar colisões, um giroscópio para guiar a trajetória, uma câmera equipada com motores de movimento, além de outros motores para movimentar o ultrassônico e liberar os kits.

– Pelo tempo que a gente tinha, eu não esperava ganhar, mas queria ter uma posição boa. As outras equipes tinham um a dois anos de projeto, e nós, com apenas três meses, fizemos milagre – disse o estudante.

Apesar do resultado excepcional, Arthur destaca que o melhor prêmio que ganhou na RoboCup foi, na verdade, a troca com estudantes de outros lugares do mundo e o clima amigável que viveu durante a competição.

– Compartilhamos muito conhecimento científico, foi muito legal, indescritível. Era uma colaboração entre as equipes, conseguimos conversar sobre os projetos, pensar juntos em melhorias nos robôs uns dos outros. Só penso em voltar para um evento desse tipo – contou Arthur.

Outras equipes no pódio

Outras duas equipes brasileiras alcançaram o pódio, ambas no terceiro lugar. O time 73 RoBits, também do Objetivo, e o Momentum Robotics, do Colégio Etapa.

O primeiro, composto por João Vitor Santos, Marcos Nunes e Sophia Yano, os três com 16 anos, concorreu na modalidade Rescue Simulation. Nesta prova, um robô autônomo percorre um terreno acidentado em busca de vítimas, em nove rounds, mas a prova é totalmente digital.

O segundo, reúne os alunos Fernando Nishio, Fernando Tamashiro, Filipe Segui, Gabriel Pedroza, os quatro com 17 anos, e Ricardo Braga, com 16, competiram na modalidade On Stage. Nesta competição, o robô precisa realizar uma apresentação, uma performance artística.


Fonte: O GLOBO