Polícia Civil abriu inquérito depois que brasileiras disseram desconhecer que festa se tratava de 'aula prática' promovida por dois americanos para ensinar homens a conquistar mulheres

A Polícia Civil de São Paulo concluiu a investigação e indiciou os coaches americanos que teriam usado brasileiras como "cobaias" em uma festa em São Paulo. O evento seria, na verdade, uma "aula prática" de um curso que ensina homens a conquistar mulheres.

A apuração foi remetida ao Poder Judiciário na sexta-feira. O Tribunal de Justiça e o Ministério Público ainda não se manifestaram. De acordo com a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP), foram indiciadas três pessoas, sendo dois americanos e um brasileiro, pelo crime de favorecimento de exploração sexual mediante fraude. O delito tem pena prevista de dois a cinco anos de prisão.

O inquérito policial foi aberto no 34º DP (Vila Sônia), depois que uma vítima, de 27 anos, se reconheceu em imagens divulgadas da festa e registrou o boletim de ocorrência pela Delegacia Eletrônica. O caso foi investigado como "favorecimento de prostituição" ou outra forma de "exploração sexual", que inclui agenciar, aliciar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher exploração sexual.

O caso gerou grande repercussão depois que mulheres convidadas à festa disseram não saber que se tratava de um evento promovido pelos coaches americanos Mike Pickupalpha e David Bond para ensinar homens a "pegar" mulheres.

Algumas chegaram ao evento por meio de convites em redes sociais. Outras, depois de terem conhecido alunos do curso em aplicativos de relacionamento, como o Tinder.

Cursos de até R$ 240 mil

Pickupalpha e Bond promoveram a "aula" em uma mansão no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, no fim de fevereiro. A dupla comanda o chamado "Millionaire Social Circle" (Círculo Social de Milionários) e oferece cursos que custam de US$ 12 mil (cerca de R$ 57,8 mil, na cotação atual) a US$ 50 mil (cerca de R$ 240 mil).

O pacote inclui viagens a diversos países do mundo em que os alunos são levados a "aulas práticas" de conquista. Outras edições já aconteceram na Costa Rica, Colômbia e Filipinas.

A Embratur (agência de promoção do turismo internacional) acionou a Polícia Federal para que o grupo fosse investigado.

Os coaches parecem não ter se abalado com a enxurrada de críticas. No Instagram, Mike Pickupalpha ironizou: "Fizemos a maior festa do Brasil e as feministas não puderam lidar com isso", escreveu ele. Eles ainda atacaram uma das mulheres gravou um vídeo na festa, dizendo ser uma "garota feia e gorda". "As mulheres atraentes nos defenderam. Nos vídeos da festa, todos estão sorrindo", disseram.


Fonte: O GLOBO