Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está envolvido em mensagens com teor golpista e depõe à CPMI do 8 de janeiro nesta terça-feira

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), iniciou seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, nesta quinta-feira, citando suas funções no cargo e trajetória militar. 

Aos parlamentares, ele mencionou os inquéritos em que é investigado, como a fraude dos cartões de vacinação e a suposta tentativa de golpe de estado, e afirmou que ficará em silêncio, não respondendo questionamentos feitos por deputados e senadores. 

O oficial ainda destacou uma decisão da ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), o autorizando a comparecer acompanhado de seus advogados no depoimento e a ficar em silêncio, para não responder perguntas que o incriminem.

Mauro Cid decide ficar em silêncio em CPMI do 8 de janeiro

— Minha defesa técnica impetrou um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal requerendo, em razão da minha condição de investigado, a concessão de me assegurar o direito de ficar em silêncio, em razão de questionamentos que possam me incriminar em temas que estão correlacionados a investigação. 

A ordem foi parcialmente concedida pela ministra Carmen Lúcia — disse — Por respeito então ao poder judiciário, meus advogados me orientaram que minha defesa técnica deve ocorrer perante ao órgão com competência para decidir sobre as condutas que me são imputadas, afinal o mandamento constitucional.

Em sua apresentação inicial, o militar explicou como é feita a seleção dos ajudantes de ordem do presidente e fez questão de indicar que não havia vínculo pessoal entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele também fez questão de frisas que ficava do lado de fora das salas de reuniões do político, sem discutir o teor das conversas.

— Minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política. (...) Não estava na minha esfera de atribuições de analisar propostas ou demandas trazidas. Não participávamos da gestão pública — afirmou.

Por que Mauro Cid está sendo investigado em CPMI?

Preso preventivamente no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB), Mauro Cid é suspeito de participar do esquema de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. As fraudes teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, e tiveram como consequência a alteração dos dados dos beneficiários para a condição de imunizados contra a doença.

Durante sua fala inicial, Mauro Cid também citou uma manifestação da Procuradoria-Geral da República opinando pela revogação da prisão do ex-ajudante de ordens, há 70 dias.

O que esperar da CPMI do 8 de janeiro nesta terça-feira?

A sessão de hoje da CPI mista também irá analisar requerimentos que pedem a convocação do fotógrafo Adriano Machado e do major José Eduardo Natale, ambos de interesse da oposição. A base do governo também tentar incluir um requerimento extra-pauta para pedir o acesso ao e-mail institucional que Cid usava quando era auxiliar da Presidência.

Quem é Mauro Cid?

Cid é considerado um dos assessores mais próximos de Bolsonaro. Ele é filho do general Mauro César Lorena Cid, que foi colega do ex-presidente na Academia Militar de Agulhas Negras (Aman). O ex-ajudante de ordens está preso por conta do envolvimento em uma suspeita de fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e familiares. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ajudante de ordens pode ficar em silêncio durante as perguntas que o incriminam.


Fonte: O GLOBO