Woodrow Bundy nadava em um rio com sua família quando foi infectado; , Doença mata mais de 97% das pessoas que a contraem

Uma criança de dois anos, morreu na madrugada de quarta-feira devido a uma infecção provocada por uma ameba comedora de cérebro, nos Estados Unidos. Woodrow Bundy estava em um rio quando foi infectado. De acordo com informações de familiares, o menino apresentou sintomas gripais dias depois, foi hospitalizado, mas não resistiu cerca de uma semana depois da infecção.

"Woodrow Turner Bundy voltou vitorioso para nosso pai no céu às 2h56. Ele lutou por sete dias. O mais longo que qualquer pessoa sobreviveu nos registros [desse tipo de infecção] são três [dias]. Eu sabia que tinha o filho mais forte do mundo. Ele é meu herói, e serei eternamente grata a Deus por me dar o melhor menino do mundo, e sou grata por saber que um dia terei esse menino no céu", escreveu a mãe dele, Briana Bundy, no último dia 18 em uma publicação no Facebook.

Conhecida como "comedora de cérebro", a ameba Naegleria fowleri foi apontada como uma ameaça aos estados do norte dos Estados Unidos por conta de mudanças no clima. A informação consta em um novo estudo publicado, em maio, no jornal científico "Ohio Journal of Public Health". Este parasita de água doce pode causar uma infecção no cérebro conhecida como meningoencefalite amebiana primária (PAM). Rara, a condição não possui nenhum tratamento eficaz conhecido até hoje.

A pesquisa foi desenvolvida pela Universidade de Mount Union, no estado americano de Ohio, foi desenvolvida em parceria com a iniciativa Jonas Scholar. Na publicação, os estudiosos alegam que as alterações climáticas em questão são resultado de anos de destruição do meio ambiente e de recursos naturais.

"Historicamente, os casos de infecção pela Naegleria fowleri nos Estados Unidos são conhecidos nos estados do sul, mas dados recentes indicam maior incidência, desde 2010, em estados do norte, como Minnesota, Indiana e Missouri. A incidência da infeção é historicamente rara, já que, de 1962 a 2015, 138 casos foram reportados no país, com uma variação de zero a oito registros por ano. Os pacientes são predominantemente homens (76%) e com idade igual ou menor de 18 anos (83%)", descreve o material.

A parte norte dos EUA é marcada por temperaturas mais baixas do que o restante do país. Por conta do aquecimento global, esses lugares têm se tonado mais quentes. Esse fator torna o ambiente mais favorável ao desenvolvimento da Naegleria fowleri. Até pouco tempo, não havia registros da ameba nessa região.

A infecção pela ameba 'comedora de cérebro' mata?

Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), a infecção mata mais de 97% das pessoas que a contraem. Dos 154 indivíduos infectados conhecidos nos Estados Unidos, de 1962 a 2021, apenas quatro pacientes confirmados sobreviveram à infecção.

Onde existe ameba 'comedora de cérebro'?

O CDC disse ainda que a ameba normalmente vive em corpos quentes de água doce, como lagos, rios e fontes termais. Também é provável que seja encontrada vivendo em sedimentos no fundo de lagos, lagoas e rios, então a agência desaconselha cavar ou mexer no solo em água doce rasa e quente.

— É uma ameba que realmente gosta de condições quentes, gosta de água doce e quente. Essa é a preocupação, que a mudança climática possa estar contribuindo para essas temperaturas mais altas — disse ao canal de televisão NBC a médica Julia Haston, do CDC.

Risco de infecção pela ameba 'comedora de cérebro'

Apesar da expansão da presença da ameba pelo território americano, as chances de se infectar com a doença são consideradas baixas. Do nariz, a Naegleria fowleri vai até o cérebro, onde destrói o tecido cerebral. A infecção não pode ser transmitida de uma pessoa para outra.

Sintomas da infecção pela ameba 'comedora de cérebro'


No estágio inicial, os sintomas podem incluir forte dor de cabeça, febre, náuseas e vômitos, de acordo com os CDC. À medida que a infecção piora, os sintomas - que aparecem de um a nove dias após a exposição à ameba - podem evoluir para rigidez do pescoço, convulsões ou alucinações.


Fonte: O GLOBO