Em apenas três anos, o número de incêndios com morte provocados por bicicletas elétricas e ciclomotores ficou empatado com o dos causados por problemas elétricos
A namorada de Alfonso Villa Muñoz não queria que ele comprasse um ciclomotor elétrico (scooter), mas um entregador ofereceu um bom negócio e ele aceitou a proposta. A scooter cor de cereja tinha, debaixo do assento, uma bateria de íon-lítio tamanho extra grande.
Quando precisava de carga, Muñoz devia subir com o equipamento até o apartamento, no terceiro andar de um prédio no distrito do Queens, em Nova York. Um mês depois da compra, a bateria explodiu durante o carregamento, na sala de casa, e as chamas se espalharam pelo apartamento.
Muñoz ainda gritou pela filha de 8 anos que estava dormindo, mas não conseguiu chegar à porta do quarto a tempo e a menina morreu por inalação de fumaça.
— É como se você trouxesse morte e destruição para sua casa e para todos em volta — disse Muñoz, enquanto tirava os óculos para enxugar as lágrimas.
Bicicletas elétricas e ciclomotores invadiram as ruas de Nova York nos últimos anos. Eles foram adotados por entregadores de delivery e trabalhadores que fazem longas viagens diárias, como meio de transporte econômico e eficiente. Ao mesmo tempo em que os equipamentos se tornaram onipresentes, as baterias dentro deles transformaram Nova York no epicentro de um tipo de incêndio rápido e feroz.
Esse tipo de acidente é “especialmente perigoso” alerta Laura Kavanagh, comissária do departamento dos bombeiros da cidade. Com pouco ou nenhum aviso, as baterias podem incendiar, deixando poucos segundos para as pessoas escaparem.
Pior que cigarro e fogão
Em apenas três anos, o número de incêndios com morte provocados por elas ficou empatado com o dos causados por problemas elétricos e ultrapassou o dos que começaram quando alguém estava cozinhando ou fumando, na lista de principais causas desse tipo de acidente.
— É como se você trouxesse morte e destruição para sua casa e para todos em volta — disse Muñoz, enquanto tirava os óculos para enxugar as lágrimas.
Bicicletas elétricas e ciclomotores invadiram as ruas de Nova York nos últimos anos. Eles foram adotados por entregadores de delivery e trabalhadores que fazem longas viagens diárias, como meio de transporte econômico e eficiente. Ao mesmo tempo em que os equipamentos se tornaram onipresentes, as baterias dentro deles transformaram Nova York no epicentro de um tipo de incêndio rápido e feroz.
Esse tipo de acidente é “especialmente perigoso” alerta Laura Kavanagh, comissária do departamento dos bombeiros da cidade. Com pouco ou nenhum aviso, as baterias podem incendiar, deixando poucos segundos para as pessoas escaparem.
Pior que cigarro e fogão
Em apenas três anos, o número de incêndios com morte provocados por elas ficou empatado com o dos causados por problemas elétricos e ultrapassou o dos que começaram quando alguém estava cozinhando ou fumando, na lista de principais causas desse tipo de acidente.
Os motivos para essa tendência são vários. Incluem a falta de regulação e testagem de segurança para os equipamentos, mau uso na hora do carregamento (como usar equipamentos incompatíveis ou carregar por tempo excessivo) e a falta de áreas seguras para carregar as baterias — em uma cidade populosa e com inúmeros prédios residenciais, onde ocorre a maioria dos incêndios.
Durante a pandemia, quando a circulação de pessoas ficou comprometida e as entregas de comida dispararam, uma avalanche de e-bikes e-scooters baratas e de qualidade duvidosa invadiu a cidade. Para os nova-iorquinos que usam esses veículos elétricos para fazer entregas ou precisam deles para trabalhar, os incêndios impuseram uma escolha entre segurança pessoal e modo de ganhar a vida.
No ano passado, a Comissão de Segurança para o Consumo de Produtos americana foi notificada por mais de 200 incêndios ou incidentes de superaquecimento em 39 estados americanos.
Durante a pandemia, quando a circulação de pessoas ficou comprometida e as entregas de comida dispararam, uma avalanche de e-bikes e-scooters baratas e de qualidade duvidosa invadiu a cidade. Para os nova-iorquinos que usam esses veículos elétricos para fazer entregas ou precisam deles para trabalhar, os incêndios impuseram uma escolha entre segurança pessoal e modo de ganhar a vida.
No ano passado, a Comissão de Segurança para o Consumo de Produtos americana foi notificada por mais de 200 incêndios ou incidentes de superaquecimento em 39 estados americanos.
A entidade enfatiza, no entanto, que o problema é particularmente grave em áreas populosas como Nova York, onde os incêndios causados pelas baterias de lítio mataram 13 pessoas, desde o início de 2023. No total, 23 pessoas foram mortas em incidentes desse tipo desde 2021. Este ano, foram 108 incêndios, um aumento em comparação aos 98 no mesmo período do ano passado.
Em Londres, os incidentes provocados por baterias de lítio são os que mais crescem entre os tipos de risco para incêndio, com 57 provocados por e-bikes e 13 por ciclomotores elétricos, só este ano, de acordo com o Corpo de Bombeiros da cidade.
Em setembro, Nova York vai se tornar a primeira cidade americana a proibir a venda desse tipo de veículo quando não forem cumpridos padrões reconhecidos de segurança.
Autoridades do Corpo de Bombeiros e do governo de Nova York também pressionaram por maior controle federal e estadual dos equipamentos, pelo fechamento de estações de carregamento de baterias ilegais, além de trabalharem com os aplicativos de entrega de comida para treinarem os entregadores.
— Eu tenho preocupações muito sérias, no curto prazo — diz Kavanagh. — Esses equipamentos estão aqui agora e há muitos deles.
Após um grande incêndio em um depósito onde estavam em carregamento vários veículos do sistema de aluguel de bicicletas elétricas da cidade, o Citi Bike, o programa ganhou novas regras de segurança, e o Corpo de Bombeiros também revisou o Código de Incêndio da cidade, que agora exige que prédios tenham espaços para carregamento com equipamentos (sprinkler) para apagar incêndio instalados, quando forem abrigar mais de cinco e-bikes.
Em Londres, os incidentes provocados por baterias de lítio são os que mais crescem entre os tipos de risco para incêndio, com 57 provocados por e-bikes e 13 por ciclomotores elétricos, só este ano, de acordo com o Corpo de Bombeiros da cidade.
Em setembro, Nova York vai se tornar a primeira cidade americana a proibir a venda desse tipo de veículo quando não forem cumpridos padrões reconhecidos de segurança.
Autoridades do Corpo de Bombeiros e do governo de Nova York também pressionaram por maior controle federal e estadual dos equipamentos, pelo fechamento de estações de carregamento de baterias ilegais, além de trabalharem com os aplicativos de entrega de comida para treinarem os entregadores.
— Eu tenho preocupações muito sérias, no curto prazo — diz Kavanagh. — Esses equipamentos estão aqui agora e há muitos deles.
Após um grande incêndio em um depósito onde estavam em carregamento vários veículos do sistema de aluguel de bicicletas elétricas da cidade, o Citi Bike, o programa ganhou novas regras de segurança, e o Corpo de Bombeiros também revisou o Código de Incêndio da cidade, que agora exige que prédios tenham espaços para carregamento com equipamentos (sprinkler) para apagar incêndio instalados, quando forem abrigar mais de cinco e-bikes.
Mas o código não trata de usuários individuais, e os bombeiros não podem entrar nos apartamentos para verificar violações de segurança sem um mandado judicial.
Baterias mais potentes
As baterias de lítio, que são usadas comercialmente desde 1991, tem um histórico de provocarem incêndios em notebooks, celulares e nos hoverboards, que já geraram grandes recalls de fabricantes. Mas, após anos de pesquisa para “retirar os perigos”, as baterias de lítio, em geral, se tornaram seguras, diz Adam Barowy, engenheiro de proteção contra incêndios especializado em baterias de lítio e que trabalha para o Instituto de Pesquisa de Segurança contra Incêndios na UL Institutos de Pesquisa, uma organização sem fins lucrativos.
Dentro das baterias de lítio, algumas pequenas células estão empacotadas juntas. Quando a bateria é usada, os íons de lítio se movem entre eletrodos dentro de cada célula, gerando corrente elétrica.
Baterias mais potentes
As baterias de lítio, que são usadas comercialmente desde 1991, tem um histórico de provocarem incêndios em notebooks, celulares e nos hoverboards, que já geraram grandes recalls de fabricantes. Mas, após anos de pesquisa para “retirar os perigos”, as baterias de lítio, em geral, se tornaram seguras, diz Adam Barowy, engenheiro de proteção contra incêndios especializado em baterias de lítio e que trabalha para o Instituto de Pesquisa de Segurança contra Incêndios na UL Institutos de Pesquisa, uma organização sem fins lucrativos.
Dentro das baterias de lítio, algumas pequenas células estão empacotadas juntas. Quando a bateria é usada, os íons de lítio se movem entre eletrodos dentro de cada célula, gerando corrente elétrica.
O perigo ocorre quando uma célula entra em “avalanche térmica”, uma reação em cadeia em que o calor aumenta rapidamente trazendo risco de chamas e, às vezes, explosão. Uma célula pode entrar nesse processo por carregamento excessivo, por um defeito de fabricação ou, ainda, pelo calor de uma célula adjacente na própria bateria e que tenha entrado em avalanche térmica.
Luta por padrão
No entanto, há pressão do mercado para que os fabricantes aumentem a energia das baterias, o que pode levar os equipamentos ao limite da segurança. As baterias de bicicletas elétricas contêm mais energia do que as de celulares e, por isso, são mais destrutivas em incêndios.
— O problema é que estão tentando extrair muita energia dessas baterias e isso as torna mais perigosas — explica Nikhil Gupta, professor de Mecânica e Engenharia Aeroespacial da Escola de Engenharia Tandon da Universidade de Nova York
Baterias mais potentes são apenas uma parte dos motivos de tantos incêndios envolvendo e-bikes e e-scooters. Carros elétricos e sistemas de armazenamento de energia — que são cada vez mais usados no combate às mudanças climáticas — exigem muito mais energia e, no entanto, provocam menos incêndios.
Luta por padrão
No entanto, há pressão do mercado para que os fabricantes aumentem a energia das baterias, o que pode levar os equipamentos ao limite da segurança. As baterias de bicicletas elétricas contêm mais energia do que as de celulares e, por isso, são mais destrutivas em incêndios.
— O problema é que estão tentando extrair muita energia dessas baterias e isso as torna mais perigosas — explica Nikhil Gupta, professor de Mecânica e Engenharia Aeroespacial da Escola de Engenharia Tandon da Universidade de Nova York
Baterias mais potentes são apenas uma parte dos motivos de tantos incêndios envolvendo e-bikes e e-scooters. Carros elétricos e sistemas de armazenamento de energia — que são cada vez mais usados no combate às mudanças climáticas — exigem muito mais energia e, no entanto, provocam menos incêndios.
A diferença, de acordo com especialistas, é que essas indústrias são reguladas muito mais de perto e empregam muitas camadas de testes para comprovar a segurança dos equipamentos. Até recentemente, e-bikes e e-scooters não recebiam atenção similar.
A Comissão de Segurança de Produtos para o Consumidor americana aumentou o controle sobre equipamentos de mobilidade elétricos, exigindo que as companhias “se adequem a padrões voluntários de segurança estabelecidos ou enfrentem possível ação para fazer cumprir as normas”.
A Comissão de Segurança de Produtos para o Consumidor americana aumentou o controle sobre equipamentos de mobilidade elétricos, exigindo que as companhias “se adequem a padrões voluntários de segurança estabelecidos ou enfrentem possível ação para fazer cumprir as normas”.
Os parlamentares de Nova York apresentaram proposta para um padrão federal de segurança das baterias de lítio usadas nesse tipo de veículo.
Fonte: O GLOBO
Fonte: O GLOBO
0 Comentários