Parlamentares do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro discordam do rumo da votação da reforma tributária
O grupo de WhatsApp da bancada do PL da Câmara foi bloqueado pela segunda vez após uma nova confusão. Mesmo com apelos pela pacificação, mais um bate-boca, acompanhado de ameaça, levou o líder da sigla, Altineu Côrtes (PL-RJ), a proibir novamente o envio de mensagens.
No domingo, as divergências sobre a votação da Reforma Tributária na Câmara motivaram cobranças e xingamentos no grupo, conforme revelou O GLOBO. Maioria no partido, o grupo alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, contrário à proposta, e a ala do Centrão, fez cobranças aos favoráveis, iniciando a discussão. Na votação em primeiro turno da proposta que muda o sistema de impostos do país, a sigla deu 20 votos a favor, enquanto 75 foram contrários.
Para evitar que o confronto se alongasse, Côrtes bloqueou o grupo "Deputados do PL 57º" (referência à 57ª Legislatura). Na tarde de segunda-feira, contudo, ele liberou novamente o envio das mensagens, e houve algumas horas com relativa paz. Era aniversário de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o que contribuiu para que o assunto fosse enterrado.
Às 21h02, porém, o deputado youtuber Gustavo Gayer (PL-GO) retomou o assunto para ameaçar retaliação. Ele ficou revoltado com a publicidade de sua troca de mensagens com Vinícius Gurgel (PL-AP).
"Isso aqui é muito triste. Saber que alguém fica vazando as conversas desse grupo para a imprensa", escreveu o parlamentar. Minutos depois, às 21h19, ameaçou: "Uma coisa eu garanto. Esse ataque desproporcional não vai ficar assim. Falar isso e depois vazar para a imprensa é coisa de muleke".
Ele se referia a um processo antigo ao qual o parlamentar respondeu por dirigir alcoolizado, como mostrou o colunista Lauro Jardim, do GLOBO. O deputado de Goiás já negou o episódio em outras ocasiões.
Procurado pelo GLOBO no domingo, Gayer não quis falar sobre a acusação e, questionado via aplicativo de mensagens, enviou uma receita de bolo como resposta. Na troca de mensagens de domingo, Gayer, por sua vez, tratou de um inquérito a que responde Gurgel no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção. Gurgel disse à reportagem que "não é réu" e que o caso está em segredo de justiça.
A manifestação de Gayer na noite de segunda-feira fez com que o grupo retomasse a discussão. "Sem dúvidas, mais triste ainda (do que vazar para a imprensa) é colegas de partido ficarem expondo os outros em suas redes sociais, incitando as pessoas para irem atacar os perfis dos próprios colegas!! Lamentável ...", escreveu Yury do Paredão (PL-CE), aliado de Gurgel.
"Isso é um esculacho, uma covardia", escreveu Luciano Vieira (PL-RJ), também em apoio a Gurgel.
Sobre a retaliação, Paredão foi adiante: "Vcs nos atacam e agora estão nos ameaçando? A coisa pelo visto tá piorando cada vez mais". A resposta de Gayer foi com um emoji de "beijinho".
Paredão retoma: "Ainda bem que não fui criado e bem criado para não ter medo de gente, muito menos de quem nas redes sociais são leões (fazem tudo por audiência) e por traz são gatinhos. Vamos em frente".
Depois da nova pancadaria digital, Altineu Côrtes bloqueou novamente o grupo.
Ao GLOBO, Gurgel havia negado a intenção de sair do partido e criticou colegas de bancada que o atacaram no grupo. Paredão e Vieira não comentaram a discussão no grupo.
Fonte: O GLOBO
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