Árabes e americanos estão investindo em produtos a longo prazo, enquanto no Brasil se pensa de forma individual

Enquanto no Brasil ainda se discute se de fato haverá uma Liga ou se os clubes formarão blocos comerciais e disputarem o Campeonato Brasileiro sob a chancela da CBF, outros mercados se sobressaíram ao brasileiro e movimentaram o mundo do futebol. Caso da Arábia Saudita e também dos Estados Unidos, que roubaram o protagonismo da Europa nas transferências do meio do ano.

Com projetos a longo prazo, a Saudi League, da Arábia Saudita, tem feito contratações de impacto que movimentaram todo o planeta, inclusive o Brasil. Luís Castro, por exemplo, deixou o Botafogo em direção ao país árabe. Nos Estados Unidos, o Inter Miami contratou Lionel Messi, e toda a liga tem projetos de expansão.

Para o advogado Marcos Motta, do escritório Bichara e Motta, que atuou nas transferências de Mendy e Koulibaly, do Chelsea, para o Al Ahli e Al Hilal, respectivamente, esta janela representa a quebra do paradigma do eurocentrismo. Segundo Motta, tanto o projeto da Saudi League quanto da MLS, apesar de diferentes, têm uma similaridade.

— Está mais do que claro que não existe movimento dentro do futebol, como a gente conhece, que não passe por um veículo de negócio, que são as ligas. Qualquer tipo de mudança, contratação, planejamento, não tem como foco o clube, mas o todo. Os modelos de contratação nas duas ligas são parecidos, e são feitas através de pilares esportivos, mas também técnicos e financeiros. E isso é absolutamente diferente do que acontece no Brasil — disse.

Houve também uma mudança no perfil dessas contratações. Anteriormente, jogadores em fim de carreira topavam o desafio de jogar nesses países. Agora, a média de idade das contratações é de 27 anos.

Outro fator que mostra o quanto os árabes e americanos estão se consolidando no mercado do futebol, é o valor que estão dando as suas marcas. Com a transferência de jogadores importantes para essas ligas, está acontecendo também uma corrida nos bastidores para que haja patrocínios e direitos de transmissão, por exemplo, o que não acontece neste momento no mercado brasileiro.

Outro fator que mostra o quanto os árabes e americanos estão se consolidando no mercado do futebol, é o valor que estão dando as suas marcas. Com a transferência de jogadores importantes para essas ligas, os clubes e o produto estão sendo percebidos em uma escala maior ao redor do mundo, conforme explica Eduardo Chaves sócio-diretor da Brand Finance do Brasil:

— Existe uma relação entre a imagem do jogador e a do clube que vai impactar positivamente no valor da marca.


Fonte: O GLOBO