Termômetros de cidades como o Rio chegaram a marcar 50°C

Uma onda de calor atingiu grande parte do Brasil nesta quinta-feira, às vésperas de uma frente fria chegar ao continente, derrubando as temperaturas para o fim de semana. Antes, porém, até o início desta noite, diversas cidades registraram temperaturas incomuns para esse período do ano, considerado o auge do inverno.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Cuiabá, capital do Mato Grosso, registrou 40,8°C, a maior temperatura do Brasil nesta quinta. Em seguida vem Aragarças (GO) (40,3°C), Diamantino (MT) (39,9°C), Balsas (MA) (39,5°C), Carolina (MA) registrou 39,1°C e Padre Ricardo Remetter (MT) (38,8°C).

A cidade de São João do Piauí marcou 3,8°C; Goiás, no estado homônimo, registrou 38,7°C. Em seguida vêm as cidades de São Miguel do Araguaia (GO) (38,6°C) e Imperatriz (MA) (38,5°C), fechando o top-10 (segundo atualizações feitas pelo Inmet até as 22h desta quarta).

Na cidade do Rio, porém, termômetros de rua chegaram a marcar 50°C às 13h em Copacabana. Embora não sejam precisos, dão ideia do que sentiu na pele a população. Em Paraty, na Costa Verde, estações meteorológicas registraram 40°C. São Sebastião chegou a 39°C. À noite, estações particulares marcaram 32°C em São Conrado, na zona sul do Rio.

A causa foi o processo meteorológico natural chamado calor adiabático, que contribuiu para colocar o maçarico a toda no litoral. Isso aconteceu porque essa onda de calor veio do Brasil Central, trazida por ventos quentes de noroeste, explica o meteorologista do Climatempo Vinicius Lucyrio. Grosso modo, ao se encontrar com as montanhas da Serra do Mar, esse ar quente se aqueceu ainda mais por compressão. Como a pressão ao nível do mar é ainda maior, mais calor se teve.

Verão ainda mais quente?

Com a onda de calor que afeta boa parte do país, é natural que a pergunta surja. Mas não existe uma relação direta entre uma coisa e outra. A atual onda de calor tem influência de vários fatores, alguns comuns ao inverno, como o tempo seco e a ausência de chuvas, além de fatores atípicos, como o El Niño e o aquecimento global. Mas ainda é cedo para prever se o próximo verão, que começa em 22 de dezembro, será ainda mais quente que o anterior.

A baixa umidade do ar e a falta de chuvas favorecem que boa parte da energia que chega do sol se transforme em calor. Mas o verão, é bom lembrar, é um período chuvoso. Isso significa que, enquanto o clima estiver seco, os termômetros seguirão nessa escalada de temperatura interrompida por uma ou outra frente fria, que têm sido menos frequentes por conta do fenômeno do El Niño. Mas, quando a temporada de chuvas de verão chegar, a tendência é que haja uma arrefecida nesse processo.

— O fluido, que é a atmosfera, se movimenta sempre no sentido de buscar redistribuir a energia e o calor. Então, onde começa a ficar muito quente, um dos processos da atmosfera é gerar pancadas de chuvas, para resfriar. É como jogar água na chapa quente — explica Giovanni Dolif, coordenador de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).


Fonte: O GLOBO