Em coletiva de imprensa, a Polícia Civil disse que não compactua com a conduta do policial. Ele e a mulher estão presos. Vídeos do condomínio mostram a confusão, e o momento em que ela baleou o advogado.

A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) disse que não compactua com a conduta do policial civil Raimundo Nonato Machado, que agrediu um advogado em um condomínio de Manaus. "É um caso isolado", afirmou o delegado geral Bruno Fragas, em coletiva na manhã desta segunda-feira (21).

A polícia se manifestou após o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) questionar porque a Polícia Civil não abriu uma investigação contra o policial logo após receber a denúncia.

Raimundo Nonato Machado está preso na Delegacia Geral em Manaus. Segundo a Polícia Civil, ele também vai responder a um processo disciplinar administrativo na Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).

A mulher dele, Jussana Machado, também está presa. Ela atirou contra o advogado Ygor de Menezes Colares, de 35 anos, que foi atingido na perna esquerda.

O caso aconteceu na noite de sexta-feira (18), em um condomínio do bairro Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus. Ygor Colares foi baleado após tentar apartar uma briga envolvendo Jussana e uma babá que trabalha para o advogado.


Advogado foi baleado por mulher de policial em condomínio de Manaus — Foto: Reprodução

Vídeos das câmeras de segurança do condomínio mostram a confusão que resultou no advogado baleado.

Nas imagens, é possível ver que Jussana Machado agrediu a babá fisicamente, com socos e pontapés. O tempo todo do lado das duas, Raimundo Nonato Machado impediu que outras pessoas cessassem as agressões.


Raimundo Nonato e Jussana Machado — Foto: Reprodução/Redes sociais

Os vídeos também mostram que o advogado se aproximou da cena, e passou a ser agredido pelo policial civil.

Após iniciar as agressões, Raimundo Nonato Machado entregou a arma dele à esposa. Jussana Machado passou a apontar a arma para o advogado e atirou atirou na direção da vítima.

O policial civil bateu nas mãos da esposa. O tiro atingiu a perna da vítima.

A confusão seguiu para a guarita do condomínio, até que a polícia foi acionada.

Coletiva de imprensa

Após ser questionada sobre os procedimentos adotados logo após a denúncia, a Polícia Civil reuniu a imprensa em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira.

O delegado-geral Bruno Fragas afirmou que a instituição não compactua com desvio de conduta dos servidores. Ele disse, ainda, que, além da parte criminal, as transgressões administrativas serão apuradas.

"Ressalto que não houve omissão por parte do plantão do 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP) no momento da apresentação dos envolvidos. As materialidades apresentadas fizeram com o que o delegado plantonista decidisse por imputar o crime de lesão corporal ao investigador e flagrantear a esposa dele por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo, lesão corporal e ameaça", disse Bruno Fraga.

De acordo com Fraga, é possível que haja alteração na tipificação das acusações contra o policial civil, para que ele responda a outros crimes. Isso ocorrerá a partir da análise técnica que será feita durante o prazo legal do Inquérito Policial (IP) instaurado no 19º DIP.

O delegado-geral adjunto, Guilherme Torres, afirmou que as testemunhas serão ouvidas. Segundo ele, as imagens da câmera de segurança, o laudo pericial e as demais provas serão analisadas.

"Reiteramos que a PC-AM reprova o ocorrido e não coaduna com qualquer tipo de violência para solucionar conflitos. Colocaremos todos os esforços para que os fatos sejam esclarecidos e iremos apurá-los com todo rigor. Novamente, nos solidarizamos com as vítimas e repudiamos a conduta do investigador", disse.

O policial civil se apresentou na manhã de domingo (20) na Delegacia Geral, situada na Avenida Pedro Teixeira, bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste, e permanece na carceragem da PC-AM, à disposição da Justiça.

De acordo com a Polícia Civil, os procedimentos administrativos foram abertos na Corregedoria Geral do Sistema de Segurança Pública (Correg), da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM), para apurar a conduta do servidor.

Fonte: G1