Como já havia um mando de prisão expedido contra Gil, a justiça só verificou se realmente estavam preenchidas as formalidades da prisão, e se ele sofreu algum tipo de agressão policial.

Gil Romero Machado Batista, de 41 anos, autor do assassinato da jovem Débora da Silva Alves, de 18 anos, vai continuar preso, segundo a Justiça do Amazonas. Ele passou por audiência de custódia na tarde desta quinta (10), no Fórum Henoch Reis, em Manaus, após ser preso nessa quarta (9), no Pará.

Como já havia um mando de prisão expedido contra Gil, a justiça só verificou se realmente estavam preenchidas as formalidades da prisão, e se ele sofreu algum tipo de agressão policial. Após isso, a prisão foi mantida.

O suspeito será encaminhado ao Centro de Recebimento e Triagem (CRT) e, em seguida, será levado ao sistema prisional do estado.

Mais cedo, durante uma entrevista coletiva, a Polícia Civil confirmou que Gil confessou, em depoimento, que usou uma faca de cozinha para retirar o bebê que estava na barriga de Débora. Já a mulher teve partes do corpo cortada e foi queimada.

O crime

Débora da Silva Alves, de 18 anos, estava grávida de oito meses, e foi encontrada morta na manhã do dia 3 de agosto, em uma área de mata localizada no Mauazinho, Zona Leste de Manaus.

A mulher foi queimada e teve os pés cortados. A jovem também tinha um pano no pescoço o que, segundo a polícia, indica que ela foi asfixiada.

De acordo com o delegado Ricardo Cunha, a vítima desapareceu no dia 29 de julho deste ano, quando saiu de casa para encontrar o suspeito, que lhe entregaria dinheiro para comprar o berço da criança.

O corpo dela foi encontrado no dia 3 de agosto, depois que a polícia prendeu José Nilson, suspeito de participação no crime. O homem era colega de trabalho de Gil Romero.

Após as investigações apontarem a participação de Gil Romero, o homem foi considerado foragido. As polícias Civil do Amazonas e Pará identificaram que ele estava escondido, no Pará, e montaram uma operação.

O suspeito foi preso na noite de terça-feira (8), em Curuá, no Pará. Na tarde de quarta-feira (9), o suspeito foi transferido para Manaus, e prestou depoimento, pela primeira vez, sobre o crime.

Inicialmente, Gil Romero disse que o bebê foi queimado junto com a mãe, ainda na barriga. No segundo depoimento, ele disse que retirou a criança da barriga da mãe, já morta, e jogou o corpo no rio.

Dinâmica do crime

A delegada Deborah Barreiros, da Delegacia de Homicídios, explicou que Gil Romero era proprietário de um bar e, também, trabalhava como vigilante em uma usina. No estabelecimento comercial, um outro homem suspeito de envolvimento no crime, identificado como José Nilson, trabalhava como gerente, motivo pelo qual teria proximidade com Gil Romero.

“Além disso, os dois atuavam furtando os fios da fábrica", afirmou a delegada.

Em depoimento, José Nilson negou participação direta no assassinato, e disse ter sido coagido a ocultar o corpo de Débora.

"No dia do crime, enquanto Gil Romero foi se encontrar com Débora, José Nilson foi para a usina subtrair os materiais. Pouco tempo depois, segundo José Nilton conta em depoimento, Gil Romero apareceu com o corpo da jovem, sem vida e com sinais de asfixia”, disse, após ouvir José Nilson.

Ainda de acordo com a delegada, os dois colocaram o corpo de Débora em um tonel e o queimaram. Depois, os restos mortais foram jogados em uma área de mata.

O depoimento de Gil Romero à polícia contradiz a versão dada pelo comparsa. Ao ser ouvido pela polícia, após ser transferido para Manaus, ele disse que pagou R$ 500 para uma dupla dar um "corretivo" na vítima.

De acordo com o depoimento, ele levou a vítima para a usina onde ele trabalhava como vigilante, para conversarem sobre a gravidez da jovem.

"No local, ele a deixou sob os cuidados de José Nilson, que já está preso e de outra pessoa, que ainda não identificamos. Enquanto ele estava lá com a jovem, com a chegada de um inspetor na usina, ele precisou esconder a jovem junto com o José Nilson e essa terceira pessoa dentro de um galpão e saiu para fazer seu trabalho que era acompanhar esse inspetor", contou a delegada Deborah Barreiros.

A delegada informou ainda que Gil Romero conta que foi ao galpão cerca de três horas depois, após terminar de acompanhar o inspetor e, no local, encontrou a jovem já sem vida. O suspeito diz ainda que a morte teria sido cometida por José Nilson e pelo homem ainda não identificado.

"Ele diz que se desesperou. Disse para que dessem um jeito na situação porque no dizer dele, a ordem que ele tinha dado para o José Nilson era para que eles dessem um 'corretivo' nessa jovem, para que ela parasse de dizer que estava grávida dele, porque ele era um homem casado. Disse ainda que pagou por esse 'corretivo' a quantia de R$ 500", informou a delegada sobre o depoimento de Gil Romero.

Fonte: G1