José Jorge Alves da Silva vai responder por tentativa de feminicídio e duas tentativas de homicídio
O pedreiro de 52 anos que foi preso por suspeita de tentar matar a mulher, o enteado e outra criança serviu bolinhos de chuva com cerca de 30 comprimidos de clonazepam, conhecido comercialmente como Rivotril. De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, José Jorge Alves da Silva preparou a receita na residência da família, no Riacho Fundo II, e simulou ter ingerido e passado mal para tentar acobertar os crimes.
As vítimas passaram a apresentar sintomas agudos de intoxicação, como ardor na garganta, sonolência e dores abdominais. Com isso, todos foram para a unidade de pronto atendimento (UPA) da região. Os médicos que estavam no local estranharam a situação, e o caso foi registrado na 29ª Delegacia de Polícia, no Riacho Fundo II.
Em entrevista ao GLOBO, o delegado Lúcio Valente, responsável pela apuração, contou que uma profissional da unidade de saúde afirmou aos investigadores que os sintomas não correspondiam a uma intoxicação alimentar, causada por comida estragada, por exemplo, e os indícios começaram a apontar para um cenário de abuso.
— Foi então feita a perícia na casa, recolhemos alimentos e tudo mais. A esposa, já no hospital, relatou aos policiais que já vinha tentando se separar, que vivia num ambiente abusivo ali, com o marido que estava com ela há quatro anos. Pela manhã, no domingo, eles acordaram cedo, e ele preparou um leite lá e bolinho de chuva. Serviu para ela, para o enteado e um coleguinha que estava ali também, que ia para a igreja com eles Ele também geriu o alimento, mas em pequena quantidade — afirmou Valente.
A mulher começou a passar mal após ingerir o alimento e perguntou a Silva se ele havia colocado alguma coisa nos bolinhos de chuva. Segundo Valente, o homem negou. A mulher chegou desmaiada à igreja e foi levada à UPA por pessoas que estavam no local. Naquele momento, as crianças já estavam até com falta de ar, mas tiveram o quadro estabilizado no Hospital Regional do Guará (HRG).
Investigadores apuraram que, um dia antes do crime, Silva comprou uma caixa de clonazepam numa farmácia. Um funcionário do estabelecimento confirmou o negócio. Na residência da família, os agentes encontraram uma cartela vazia do medicamento.
— Ele acabou falando que no sábado havia ido a uma farmácia, comprado um medicamento clonazepam, que é o rivotril, né? E aí, nós conseguimos identificar a farmácia, fomos lá, identificamos o balconista e conseguimos confirmar que ele comprou, no sábado, uma cartela com 30 comprimidos. Na casa, nós conseguimos localizar justamente a cartela, aliás, com os 30 espaços vazios, sugerindo que ele usou os 30 comprimidos do sábado para o domingo.
Silva foi autuado em flagrante por tentativa de feminicídio e duas tentativas de homicídio. De acordo com o delegado, o homem pode pegar até 20 anos de prisão pelos crimes.
— Ele acabou confirmando que colocou os comprimidos no leite, ferveu o leite, dissolveu ali a substância, fez o bolinho e deixou a substância no leite. Disse ele que era para se matar, mas a versão não se sustenta porque ele preparou e serviu. E a gente conversou com os médicos, conseguimos exames dele realizados no atendimento, informando que não teve alteração. Ele só simulou a ingestão e também simulou ter passado mal para acobertar a prática do crime — destacou Valente.
Fonte: O GLOBO
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