A contagem das calorias, aquela frenética, de meia em meia caloria, às vezes escraviza muitas pessoas e provoca uma certa ansiedade e frustração

Não há um consenso exatamente definido se são 7, 8 ou 9 mil calorias que temos que queimar a mais para perder 1 quilo de gordura corporal. Mas acho que a primeira lição que tiramos disso é que a contagem das calorias, aquela frenética, de meia em meia caloria, às vezes escraviza muitas pessoas e provoca uma certa ansiedade e frustração.

Assim como o gasto calórico para o emagrecimento poderia estar sendo subestimado, segundo algumas pesquisas, o valor calórico de muitos alimentos aparentemente estava superestimado. Segundo estudo feito pela nutricionista americana Laura Kruskall com 28 voluntários em que as calorias eram contadas de forma minuciosa, o emagrecimento se fez de forma mais acelerada do que foi contabilizado. 

Isso chamou a atenção para um outro fato: alguns alimentos poderiam fornecer menos calorias ao corpo do que previsto, porque em sua composição há partes mais difíceis de serem digeridas? A explicação seria o custo energético para digeri-las, que reduziria seu efeito “engordativo”.

Dentre os três macronutrientes (lipídeos, carboidrato e proteínas), a proteína é que mais requer energia para ser digerida, cerca de 27% das calorias do alimento, contra 10% para os lipídeos e carboidratos. Esse é o processo da termogênese, que é a produção de calor dentro do organismo. 

Agora, você pensou: só vou comer proteína! Mas não é bem assim. Primeiro porque precisamos dos três macronutrientes para que nosso corpo realize todas as funções que deve, cada um deles cuida de uma “parte”. 

O segundo ponto é que o processo de cozimento dos alimentos que os torna mais “moles”, mais processados, interfere na quantidade de energia que ele irá fornecer. O alimento mais firme, será mais difícil a sua digestão e menos energia ele vai fornecer. Na prática, seria dizer que uma maçã, que fornece cerca de 70 calorias, se for assada, passaria a fornecer em torno de 20 calorias a mais.

Podemos dizer que quanto maior for a mastigação, menos energia o alimento vai fornecer. Ou seja, alimentos crus e inteiros tendem a nos fornecer menos calorias e ter a digestão mais lenta. Um estudo feito pela Universidade de Tóquio, que acompanhou 454 japonesas de 18 a 22 anos, concluiu que as cinturas das meninas que mastigavam mais eram menores que a das que comiam alimentos mais fáceis de serem engolidos. Então, vale optar por alimentos mais duros. É uma ótima forma de reduzir a quantidade, ter mais saciedade e consumir menos calorias, mas como sempre digo: sem neuras!

Saber quantas calorias têm os alimentos, para se ter uma ideia, é legal. Isso significa ter informação sobre o que comemos para não sermos reféns da própria comida. E também significa ter poder de escolha, mas, sobretudo, não ser escravo da calculadora na hora de comer. Achar que só as calorias dos alimentos são importantes é errado. 

Existe o valor nutricional que a comida nos fornece, e isso quer dizer o quanto ela nos dá de fibras, minerais, vitaminas, ou seja, o quanto ela é capaz de nutrir nosso corpo oferecendo todos os macro e micronutrientes que precisamos para termos saúde.

A caloria é o calor. Que recebemos, que produzimos. E essa equação tem que estar sempre em equilíbrio para que tenhamos uma vida saudável, para que consigamos nos manter com um peso corporal bacana. Em vez de contar calorias que serão ingeridas, mantenha um padrão de alimentação com bom senso. 

Descomplique! Você tem noção se come demais ou de menos. Todo mundo tem. Você tem noção se escolhe alimentos mais saudáveis ou menos. Todo mundo tem. E, principalmente, você tem total noção que tem que produzir calor através do movimento físico, da atividade física regular, para que o corpo funcione bem, para que, no fim, a balança esteja sempre em equilíbrio e sua saúde em dia.


Fonte: O GLOBO