Criança atingida no bairro de Paripe tinha apenas um mês de vida

O fim de semana foi violento em Salvador, onde entre os dias 28 de julho e 4 de agosto, ao menos 30 pessoas morreram em confrontos com a PM (incluindo as registradas em outras cidades da região metropolitana). 

Depois de quatro homens serem mortos em um outro confronto com a PM no sábado, três homens e um bebê foram mortos a tiros na tarde deste domingo no bairro de Paripe, numa localidade conhecida como Tubarão. 

A PM informou que um casal também foi atingido pelos disparos e socorrido a uma unidade de saúde da região, mas não há detalhes sobre o estado de saúde. O bebê teria apenas um mês de vida, informou o G1 Bahia.

Segundo o Comando de Operações Policiais Militares, a polícia foi informada sobre um grupo de pessoas atingidas por arma de fogo. Ao chegarem ao local, os policiais encontraram os homens e o bebê já mortos. A área foi isolada para perícia e ainda não há informações sobre executores do crime.

No bairro da Pituba, quatro homens morreram após um confronto com policiais militares na noite de sábado. A ocorrência causou queda da energia elétrica e deixou parte do bairro no escuro. Segundo a concessionária de energia, um projétil atingiu um equipamento da rede, que teve de ser consertado e só voltou a funcionar no começo da madrugada.

A Polícia Militar informou que equipes do Batalhão de Choque e do Patrulhamento Tático Móvel faziam rondas na região quando foram acionadas para averiguar que um carro, com suspeitos de praticar crimes, estava transitando na "Boca da Mata", em Cajazeiras.

O veículo foi localizado e, na abordagem, os suspeitos reagiram. Na troca de tiros, os homens teriam sido baleados. Chegaram a ser socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. Com o grupo foram encontradas quatro pistolas, duas de calibre .40, uma 380 e uma 9mm, todas com numeração raspada, além de 133 munições. O automóvel circulava com placa clonada e havia sido roubado.

A Bahia liderou o ranking de mortes violentas em 2022, com 6.659 assassinatos, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número engloba homicídios dolosos (com intenção de matar), feminicídios, lesões corporais que terminam com morte; roubo seguido de morte (latrocínio), mortes de policiais e assassinatos cometidos por eles.

Das 20 cidades com mais de 100 mil habitantes mais violentas do país, 11 estão na Bahia. O município com maior taxa de mortes violentas é Jequié - 88,8 a cada 100 mil habitantes. Outras três cidades baianas tem taxa superior a 80 e seguem Jequié com as mais violentas do país: Santo Antônio de Jesus (88,3), Simões Filho (87,4) e Camaçari (82,1).

Salvador ocupa o 12 º lugar nessa lista, com taxa de 66 assassinatos a cada 100 mil habitantes.

Também estão entre os mais violentos do país os municípios de Feira de Santana (68,5), Juazeiro (68,3), Teixeira de Freitas (66,8), Ilheus (62,1), Luís Eduardo Magalhães (56,5) e Eunápolis (56,3).

Ao analisar os números, Talita Nascimento, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirmou que uma das razões para a violência são os confrontos com policiais.

— A Bahia tem um número de letalidade policial grande, com uma politica de segurança pública ainda bem focada em atividades truculentas, que não mostra resultados positivos no longo prazo. Não é matando mais que se produz mais sensação de segurança — afirmou.

Na semana passada, os dados do anuário foram questionados pelo ex-governador da Bahia e chefe da Casa Civil, Rui Costa.

— Não reconheço nenhum parâmetro, nenhuma comparação de ONGs que fazem publicações sobre questão de segurança — afirmou o ministro, em entrevista à Globonews, dizendo que dados diferentes eram comparados como se fossem iguais.

Após o comentário de Costa, o diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, defendeu no Twitter as estatísticas do anuário.

“Coloco-me à disposição dos ministros Rui Costa e Flávio Dino para falar sobre a metodologia do anuário e mostrar que a comparação dos dados (dos estados) não é só possível como metodologicamente correta. Aceitamos o debate”, publicou o diretor do fórum. 

“Segurança é dever de todos, segundo o artigo 144 da Constituição, e direito social (artigo 6º). Então, ministro Rui Costa, nenhum problema na sociedade civil monitorar e induzir a prestação de contas. Não compararmos laranjas com bananas, mas registros policiais, que são compatibilizados”, criticou, em outro tuíte.


Fonte: O GLOBO