Pobreza e desigualdade seguem como os problemas que mais afligem a população, segundo o levantamento

Pesquisa da Ipsos feita em 29 países e obtida com exclusividade pelo Pulso mostra que a pobreza e a desigualdade seguem como a maior preocupação dos brasileiros. Segundo o levantamento, 41% dos entrevistados dizem que este é o principal problema do país atualmente. 

A preocupação com a criminalidade e violência, porém, voltou a ter tendência de alta, atingindo agora 40% das menções. O percentual está acima da média global, de 30%, e só não é maior que seis países: Chile (62%), Suécia (59%), Peru (57%), México (57%), África do Sul (56%) e Colômbia (41%).

— A preocupação com a criminalidade/violência volta a crescer neste mês, atingindo 40%, se distanciando do terceiro lugar ocupado por Saúde (35%). Esse movimento pode ser explicado pelo expressivo aumento de visibilidade da pauta, principalmente dos casos de assaltos nos grandes centros urbanos — afirma Marcos Calliari, CEO da Ipsos Brasil.

A preocupação com a criminalidade estava em 39% no mês de maio e passou para 35% no mês de junho. Depois, oscilou positivamente para 38% em julho e atingiu 40% este mês, o que sinaliza tendência de alta.

— Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados no último mês, mostram que o Brasil registrou no ano passado uma média de 2.738 smartphones furtados ou roubados por dia, cerca de dois aparelhos por minuto. Com isso, eventos extraordinários que tomavam as manchetes definitivamente dão lugar a temas crônicos para a sociedade brasileira, e cuja solução apresenta obstáculos históricos — avalia o CEO.

O que preocupa o mundo?

No ranking do levantamento denominado ‘What Worries the World’ (‘O que preocupa o mundo’), o Brasil figura como o terceiro país em que há mais temores com a pobreza e desigualdade social, ficando atrás apenas de Indonésia (47%) e Tailândia (43%).

Globalmente, a preocupação com a inflação continua em primeiro lugar, embora este seja o terceiro mês de queda consecutiva — caiu um ponto percentual em junho, dois em julho e agora mais um, chegando ao patamar de 37%. Trata-se da menor preocupação já registrada com o tema em 2023 e a menor desde junho de 2022, afirma Calliari, acrescentando. 

— Apesar da queda, o número de países que elencam a inflação como sua principal preocupação aumentou, de dez para 12. A lista inclui Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Hungria, Índia, Polônia, Cingapura, EUA e Turquia. A Argentina (69%) ainda está no topo da nossa lista e é o país mais preocupado com a pauta inflacionária desde novembro de 2022.

No Brasil, a inflação é apontada como o maior problema nacional por apenas 24% dos entrevistados. A preocupação com o aumento contínuo dos preços é menor, por exemplo, do que com o desemprego, que aflige 28% dos brasileiros, ou mesmo a corrupção (28%). A soma dos percentuais ultrapassa 100% porque os entrevistados podiam indicar até três assuntos como os que mais os preocupam.

Nesta segunda, o governo argentino lançou medidas para tentar fortalecer o consumo, limitar o impacto da desvalorização do peso e enfrentar a inflação, que supera 100% ao ano pela primeira vez em mais de três décadas.

Veja os principais números:
  • Inflação — média global 37%; média nacional 24%
  • Pobreza e desigualdade social — média global 31%; média nacional 41%
  • Crime e violência —média global 30%; média nacional 40%
  • Desemprego —média global 27%; média nacional 28%
  • Corrupção —média global 27%; média nacional 28%
  • Saúde: média global 21%; média nacional 35%
Rumo do país

Na mesma pesquisa, 53% dos brasileiros declararam que o país está no rumo certo. Embora o patamar ainda seja considerado alto, houve uma queda de sete pontos percentuais em relação ao mês de julho, quando 60% diziam que o país está na direção certa, recorde histórico.

Sobre a situação econômica do país, 42% descrevem como boa e 58%, ruim. Neste quesito, o Brasil está melhor do que a média global de 36% e 64%, respectivamente.

O levantamento do Ipsos é realizado mensalmente por meio de um painel on-line aplicado a 20.570 pessoas de 29 países. A pesquisa mais recente foi realizada entre 21 de julho e 4 de agosto. No Brasil, foram cerca de mil respondentes entre 16 e 74 anos. 

O Ipsos pondera que, no país, a amostra não corresponde necessariamente a um retrato da população geral, mas sim a uma parcela “mais conectada” dos brasileiros: mais concentrada em centros urbanos, com maior poder aquisitivo e nível educacional mais elevado que a média nacional. A margem de erro é estimada em 3,5 pontos percentuais para mais ou menos.


Fonte: O GLOBO