Ministério Público do Paraguai encontrou troca de mensagens entre Marcus Vinicius Espíndola Marques Pádua, preso no ano passado, e o uruguaio Sebastián Marset, um dos líderes de facção criminosa mais procurado na América do Sul que está foragido

O Ministério Público do Paraguai descobriu uma ligação entre os narcotraficantes Marcus Vinicius Espíndola Marques Pádua e o uruguaio Sebastián Marset. Os promotores encontraram conversas entre os dois registradas no celular do brasileiro, que foi preso em 15 de fevereiro do ano passado durante a Operação Turf, realizada pela Polícia Federal e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) paraguaia.

Marset se disfarçava como jogador de futebol, na Bolívia, e está foragido. Ele é considerado um dos homens mais procurados da América do Sul, com o nome inserido na difusão vermelha da Interpol.

A descoberta das autoridades paraguaias foi divulgada nesta segunda-feira, junto com a denúncia feita contra o ex-ministro do Interior do país, Arnaldo Giuzzio. O político perdeu o cargo em fevereiro do ano passado após a divulgação de fotos nas quais aparece ao lado Pádua. Ele vai responder processo judicial pelo suposto crime de suborno.

Giuzzio reconheceu que mantinha relações com o brasileiro, o que lhe custou o cargo. No entanto, alegou que não sabia das acusações contra o Pádua e que o conhecia na condição de empresário. Mas, para as autoridades paraguaias, as atividades de Pádua não eram empresariais.

A Senad divulgou que Pádua era um dos homens mais procurados no Brasil por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. O órgão paraguaio também afirmou que o brasileiro faria parte de uma rede internacional especializada em exportar drogas para Europa, por meio de vínculos com a máfia italiana.

A Itália seria o principal destino dos carregamentos de cocaína enviados da América do Sul para o continente europeu, de acordo com o jornal "La Nacion".

'Hola hermano'

O celular de Pádua revelou que o brasileiro, apontado como um dos líderes da maior facção criminosa do país, criada em São Paulo, tem proximidade com Marset, um dos criminosos mais procurados da atualidade.

"Olá irmão", cumprimenta Marset antes de avisar que havia acabado de mudado o chip do celular, em conversa que aconteceu no dia 6 de agosto de 2021. "Troquei o número porque estava já não estava bom e meu tinha esse número há muito tempo", acrescenta o uruguaio.

"Super super. Melhor fazer isso sempre", responde o brasileiro. "Irmão, qualquer coisa estou por aqui. Para o que precisar", finaliza.

No mês seguinte, Marset chegou a ser preso Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 10 de setembro de 2021. Ele tentava viajar para a Turquia com uma identidade falsa. Um ano depois, o uruguaio conseguiu entrar na Bolívia com um documento forjado brasileiro.

O narcotraficante Sebastian Marset com troféu após ganhar torneio de futebol — Foto: Bolivian Ministry of Government / AFP

Desde então, Marset vivia em território boliviano, onde jogava profissionalmente com um documento falso da CBF. Ele alegava ser brasileiro e se chamar Luis Amorim. A polícia da Bolívia informou que buscas estão sendo realizadas em todo o país para descobrir o paradeiro de Marset, sua esposa e seus três filhos.

O Ministério de Governo destacou que o uruguaio “é um narcotraficante de alto valor” para a região e para o mundo. Ele contava com proteção de um grupo paramilitar brasileiro.

O nome de Marset foi associado à morte do promotor paraguaio Marcelo Pecci e sua esposa na Colômbia em 2022, embora o procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa, tenha indicado que "não há provas materiais".

No Paraguai, ele é indiciado pelo crime de tráfico de drogas e também está na lista vermelha da Interpol.

Ele está foragido desde o final de 2021, quando saiu dos Emirados Árabes Unidos, onde foi detido por usar passaporte paraguaio.


Fonte: O GLOBO