Entidade, que acredita chegar a 650 atletas, terá estúdio de TV e área exclusiva de convivência dentro da Vila Pan-americana

Faltam apenas 30 dias para os Jogos Pan-americanos de Santiago, no Chile, entre 20 de outubro e 5 de novembro, e o Brasil já tem 583 atletas classificados. A expectativa é que o Time Brasil tenha entre 620 e 650 atletas e 1 mil pessoas na missão, incluindo comissões técnicas e estafe. 

Será a maior delegação da história numa competição fora do país — até então, o recorde era do Pan de Toronto-2015, com 616 atletas. O Comitê Olímpico do Brasil (COB), que adquiriu os direitos de transmissão do evento para seu canal de streaming e que exibirá em parceria com a CazéTV, terá estúdio montado dentro da Vila Pan-americana. Os Jogos Parapan-americanos começarão em 17 de novembro.

Entre os destaques confirmados estão Rebeca Andrade (ginástica artística), Marcus D'Almeida (tiro com arco), Duda/Ana Patrícia (vôlei de praia), Ana Marcela Cunha (águas abertas), Fernando Scheffer (natação), Rayssa Leal (skate), Kelvin Hoefler (skate), Hugo Calderano (tênis de mesa), Caio Bonfim (marcha atlética) e Martine Grael/Kahena Kunze (vela).

Segundo Ney Wilson, diretor de Alto Rendimento do COB, a meta será se manter entre os três melhores países no quadro de medalhas e classificar o maior número de atletas aos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Isso porque o Pan distribuirá vagas diretas em 21 modalidades, além de vagas indiretas para 12 modalidades (pontuação no ranking mundial ou índice).

Na última edição, em Lima-2019, o Brasil terminou em segundo lugar no quadro geral, com recordes de medalhas de ouro (54) e do total de pódios (169). Além disso, foram conquistadas 29 vagas olímpicas. Na edição de 1963, em São Paulo, o Brasil também terminou em segundo lugar, atrás somente dos Estados Unidos.

— Na última edição superamos o Canadá, um fato inédito. Mas algumas situações se colocam como grande desafio para ser segundo novamente. Como muitas vagas olímpicas estarão em jogo, este evento será muito mais forte do que a edição passada. 

Desta vez, EUA e Canadá levarão forças máximas em modalidades chaves. No pólo aquático, por exemplo, os americanos, que não se classificaram para a Olimpíada via Mundial, estarão com time A. O Canadá vai com sua melhor equipe na natação, modalidade que distribuirá muitas medalhas, entre outros.

Repasse das Loterias

Wilson explica que a orientação do COB às confederações é a de levar a equipe mais forte, o time A, os medalhistas olímpicos. E para valorizar o evento continental, o COB aumentou a importância dos resultados deste torneio para distribuição da verba das Loterias. 

A cada ano os critérios mudam e o Pan, que já representou 3,9% dos total dos critérios, passou a ter 15,75% do total dos critérios em dezembro de 2022. Para Wilson, o Pan é "um laboratório" para a Olimpíada, uma vez que se trata de um evento grandioso.

Os resultados do Brasil no Pan têm crescido expressivamente nas últimas edições. Não apenas em quantidade de medalhas mas em número de presenças em finais. Ao todo, 41 modalidades conquistaram medalhas em Lima, sendo que 22 ganharam ao menos um ouro. 

Além disso, 18 modalidades melhoraram seus resultados em relação a Toronto-2015, enquanto 12 delas fizeram as melhores campanhas em todas as edições dos Jogos.

— O Pan não é data oficial para algumas modalidades. O handebol feminino, por exemplo, tem a Champions League como concorrente. Mas, conseguiremos cerca de 80% das nossas melhores jogadoras. Negociamos clube a clube. Já o vôlei, não. A modalidade terá equipes mescladas — explica o executivo.

Área extra na Vila dos atletas

O handebol feminino do Brasil buscará o heptacampeonato e é favorito. Outra modalidade que será destaque é a ginástica. Ginastas do Brasil conquistaram 11 medalhas (quatro de ouro, quatro de prata e três de bronze) na última edição do Pan. Desta vez, Rebeca Andrade, ouro no salto e prata no individual geral em Tóquio-2020, irá ao Pan, algo inédito na carreira.

— É surpreendente, porque eu fiz o caminho contrário: primeiro fui aos Jogos Olímpicos, depois a Mundiais e, agora, vou participar dos meus primeiros Jogos Pan-Americanos. Vai ser sensacional e divertido — disse a ginasta, que nos últimos dois Mundiais ganhou quatro medalhas, incluindo ouro no salto (2021) e no individual geral (2022).

Além da novidade sobre transmissão via canal próprio de streaming e com estúdio dentro da Vila Pan-americana, Wilson conta que o Brasil providenciou espaço de convivência para os atletas. É que segundo ele, a Vila em Santiago é especialmente pequena se comparada às vilas pan-americanas e olímpicas.

— Está muito aquém ao que estamos acostumados. Levamos uma arquiteta ao local para ajustes e resolvemos pagar por um espaço extra, em área externa, para melhor atender os atletas.

A área terá aproximadamente 80 a 100m². Dois containers, no qual um deles pintado com um grafite que servirá de quadro de medalhas manual, enfeitará o local que terá ainda grama sintética, espreguiçadeiras, mesas, pufes, rede de descanso, mesinhas de tênis de mesa e outros.

E em relação ao enxoval, haverá produção de aproximadamente 1.100 kits de viagem e desfile (os atletas usarão Havaianas nos pés). Entre a viagem e a operação no Chile, a montagem das malas envolverão o manuseio de aproximadamente 60 mil peças.

Tocha será acesa no México

Em nove dias, a tocha pan-americana será acesa nas ruínas de Teotihuacán, no México, em cerimônia que acontece desde os Jogos de Havana, em 1991. No dia seguinte chegará ao Chile para percorrer diferentes partes do país no período que antecede o evento até chegar ao Estádio Nacional.

A expectativa do comitê Santiago-2023 é de reunir cerca de 7 mil atletas, de 41 países, em 39 modalidades (há modalidades não-olímpicas). O evento será disputado em quatro regiões do Chile, sendo a principal a do Parque Esportivo Estádio Nacional. Ao redor do histórico estádio, sede da final da Copa do Mundo de 1962, foi construído um complexo esportivo multidisciplinar, que reunirá 12 locais, recebendo 20 modalidades.

Aos pés da Cordilheira dos Andes está o Parque Peñalolén, espaço erguido para os Jogos Sul-Americanos de 2014 e que será sede de cinco disciplinas. O Parque O'Higgins, o Parque Metropolitano San Cristóbal, as praias de Viña del Mar e de Pichilemu também servirão como cenário dos Jogos.


Fonte: O GLOBO