Por meio de uma publicação nas redes sociais, ela afirmou que não vê a 'diversidade sendo contemplada no festival'.
A cantora indígena Djuena Tikuna anunciou o cancelamento do show que faria no '#SouManaus 2023'. Por meio de uma publicação feita por ela em redes sociais neste domingo (3), ela afirmou que não vê a "diversidade sendo contemplada no festival".
Na publicação, Djuena Tikuna conta que foi convidada pelo diretor-presidente da Manauscult, Osvaldo Cardoso, durante uma live, para fazer um show durante a programação do festival. Ela lembra que após isto, não teve mais contatos da produção do evento.
No dia 4 de agosto, ela informou que fez uma proposta formal e só recebeu uma resposta 20 dias depois, com informações diferentes das quais ela havia recebido no convite.
"Enfim a Assessoria de Comunicação responde, por e-mail, afirmando que fui convidada, não para uma apresentação musical, mas para uma Roda de Conversa. Segundo a responsável, a Fundação estaria adotando uma postura de Economicidade. Mas com propaganda do Festival na Times Square e contratação de 'Atração Internacional', me parece um tanto contraditório", diz a artista.
Djuena Tikuna também disse não ver a diversidade ser priorizada no evento e questiona uma falta de visibilidade para os artistas locais.
"O fato é que não vejo a diversidade sendo contemplada nesse Festival da Manauscult. Na contramão do cenário nacional, em que estamos conquistando espaços, os artistas indígenas são invisibilizados em Manaus, cidade com uma expressiva população de povos originários. Porém esses artistas moram nas comunidades, barrancos e periferias, longe dos olhos da curadoria da Manauscult", comentou.
O g1 entrou em contato com a Manauscult para um posicionamento sobre o que foi dito pela cantora indígena Djuena Tikuna e aguarda resposta.
Veja o pronunciamento completo da artista abaixo:
Venho por meio desta esclarecer o motivo do cancelamento da minha participação no Festival #Sou Manaus Paço a Passo 2023 realizado pela Manauscult.
No dia 20 de julho fui convidada pelo senhor Osvaldo Cardoso, diretor-presidente dessa fundação, durante a realização de sua live, intitulada "Big Fone", para fazer um show durante a programação do Festival, inclusive o próprio disse que estaria lá assistindo.
Esse foi o único contato por semanas, o que deixa evidente a falta de profissionalismo dos organizadores e desrespeito com o artista.
Com a proximidade do evento, resolvemos enviar no dia 04 de Agosto, a nossa proposta formal. Não recebemos qualquer resposta até o dia 24 de Agosto. Descaso ou racismo.
Enfim a Assessoria de Comunicação responde, por e-mail, afirmando que fui convidada, não para uma apresentação musical, mas para uma Roda de Conversa. Segundo a responsável, a Fundação estaria adotando uma postura de Economicidade. Mas com propaganda do Festival na Times Square e contratação de "Atração Internacional", me parece um tanto contraditório.
O fato é que não vejo a diversidade sendo contemplada nesse Festival da Manauscult. Na contramão do cenário nacional, em que estamos conquistando espaços, os artistas indígenas são invisibilizados em Manaus, cidade com uma expressiva população de povos originários. Porém esses artistas moram nas comunidades, barrancos e periferias, longe dos olhos da curadoria da Manauscult.
Enquanto artista indígena que, há quase 2 décadas desenvolve um trabalho de valorização e de resistência cultural, eu repúdio esse desrespeito da Manauscult não só comigo e minha música, mas com as centenas de artistas indígenas de Manaus que não foram contemplados nesse line up de milhões. Repúdio também a forma politiqueira que, ao longo de mandatos e gerações, a pauta da cultura vem sendo explorada em Manaus.
Aos responsáveis eu afirmo que o seu Festival não é diverso e tampouco é democrático. Respeitem os artistas indígenas!
Suas alegorias, não nos representam.
Eu não sou a cara do seu Festival @manauscult e não aceito ser massa de manobra para ficarem bem na foto com os seus patrocinadores
Respeitem a música indígena
Djuena Tikuna
Fonte: G1
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