Ex-dirigente insiste que sua saída seria para contribuir para a tranquilidade do futebol espanhol

Luis Rubiales anunciou, neste domingo, sua renúncia à presidência da federação espanhola e seu cargo de vice-presidente da Uefa após ter sido denunciado pela atacante Jenni Hermoso por agressão sexual. O dirigente publicou uma carta nas redes sociais, onde afirma que defenderá sua inocência e garante ter fé na verdade.

“Hoje, às 21h30 [19h30 GMT], transmiti ao presidente em exercício, Sr. Pedro Rocha, a minha renúncia ao cargo de presidente da RFEF. o meu cargo na UEFA, para que o meu cargo na vice-presidência possa ser substituído", começa Rubiales nesse texto.

“Depois da rápida suspensão levada a cabo pela FIFA, mais os restantes procedimentos abertos contra mim, é evidente que não poderei regressar ao meu cargo. , nem à Federação ou ao futebol espanhol. Entre outras coisas porque existem poderes de facto que impedirão o meu regresso", continua.

Rubiales insiste que com a sua saída quer contribuir para a tranquilidade do futebol espanhol e para a força da candidatura de Espanha, Portugal e Marrocos ao Mundial de 2030.

“Não quero que o futebol espanhol seja prejudicado por toda esta campanha desproporcional e, acima de tudo, tomo esta decisão depois de ter a certeza de que a minha saída contribuirá para a estabilidade que permitirá à Europa e à África permanecerem unidas no sonho de 2030, o que nos permitirá trazer para o nosso país o maior evento do mundo”, garante.

Carta de renúncia de Luis Rubiales — Foto: Reprodução

Rubiales estava suspenso de seu cargo de presidente da Federação Espanhola pela Fifa. Na última terça-feira, a RFEF, sob comando interino, anunciou a demissão do técnico da seleção, Jorge Vilda, apoiador de Rubiales.

Recentemente, Jenni Hermoso denunciou Luis Rubiales pelo beijo forçado durante a cerimônia de premiação da Copa do Mundo Feminina para o Ministério Público da Espanha, que não perdeu tempo e acatou o pedido. O processo, então, foi aberto contra o Rubiales pelos crimes de agressão sexual e de coação.

Entenda o caso

No dia 20 de agosto, a Espanha foi campeã da Copa do Mundo Feminina ao vencer a Inglaterra por 1 a 0. Na cerimônia de entrega das medalhas, o presidente da RFEF, Luis Rubiales, abraçou a atacante Jenni Hermoso e deu um beijo na boca da jogadora, sem que ela pudesse consentir com a ação. Horas depois, no vestiário, ela foi perguntada sobre a situação e declarou "não gostei", além de afirmar que não havia o que fazer no momento.

O ato gerou repercussão nas redes sociais e mobilizou políticos e personalidades do esporte. A imprensa espanhola noticiou que o dirigente tentou convencer Hermoso a aparecer em um vídeo com ele para minimizar a seriedade das acusações, usando até o nome das filhas na súplica, mas ela negou. Inicialmente, ele havia tentado colocar o beijo à força como uma "brincadeira entre amigos", em um momento de celebração, mas depois das críticas, mudou a estratégia. 

Na gravação, ele afirmou: "Seguramente, errei, tenho que reconhecer. Num momento de máxima efusividade, sem qualquer má intenção ou má-fé, ocorreu o que ocorreu, de maneira muito espontânea."

Através de uma nota emitida pelo Futpro, sindicato que representa jogadoras de futebol na Espanha, Hermoso declarou que sua equipe jurídica estava cuidando do assunto. A nota da entidade também deixava uma mensagem pedindo que atos como esse não fiquem impunes.


Fonte: O GLOBO