Imprensa internacional já havia apontado o nome de Andrey Troshev como preferido do presidente russo para substituir o líder do Grupo Wagner morto em agosto
O presidente Vladimir Putin pediu à um veterano do Grupo Wagner e ex-auxiliar de Yevgeny Prigojin para coordenar a formação de voluntários nos combates na Ucrânia — um mês depois da morte do líder do grupo paramilitar na queda de um avião em Moscou. Em julho, a imprensa internacional havia apontado o nome de Andrey Troshev como o preferido de Putin para substituir Prigojin após o motin liderado por ele em junho contra a cúpula da Defesa russa, que levou os mercenários ao exílio na Bielorrússia.
"Durante a última reunião, conversamos sobre o fato de que estará envolvido na formação de unidades capazes de executar diversas missões de combate, principalmente, é claro, na zona da 'operação militar especial' na Ucrânia", disse Putin a Andrey Troshev na quinta-feira, segundo um comunicado do Kremlin divulgado nesta sexta.
Putin destacou ainda que Troshev, conhecido pelo codinome "Sedoi" [grisalho, em russo], que era próximo de Prigojin, tem experiência para coordenar esse tipo de missão. De acordo com a rede britânica BBC, o Kremlin informou que o comandante paramilitar trabalha agora para o Ministério da Defesa.
Os homens do grupo Wagner liderados por Prigojin estiveram na linha de frente no leste da Ucrânia, e tiveram papel crucial especialmente na batalha pelo controle da cidade de Bakhmut — uma das mais sangrentas da guerra e que levou ao controle russo do território em maio. Pouco depois, Prigojin — que vinha vociferando em redes sociais sobre a falta de apoio e envio de munição de Moscou — liderou um levante paramilitar contra a cúpula da Defesa russa.
'Preferido de Putin'
Exatos dois meses após o fracasso do motim, em agosto, o líder do Wagner e outros integrantes da cúpula do grupo morreram na queda de um avião, durante viagem entre a capital russa e São Petersburgo. Governos ocidentais — incluindo o dos EUA — sugeriram que o Kremlin estaria por trás do incidente, o que o governo russo chamou de “mentira absoluta”.
Em julho, a mídia internacional publicou que Putin havia apontado o nome de Troshev para substituir Prigojin na chefia do Grupo Wagner, logo após o motim. Na ocasião, a CNN informou que o jornal Kommersant relatou declarações do presidente russo durante uma reunião, cinco dias depois da rebelião. A reportagem indicava que, entre as opções oferecidas por Putin aos paramilitares, foi sugerida a manutenção das atividades do grupo sob o comando de “Sedoi”.
Na mesma época, a Reuters disse que o nome de Troshev — com o codinome “Sedoi” —aparece em documentos relacionados a sanções aplicadas pela União Europeia a pessoas ligadas ao regime de Putin, por causa da invasão da Ucrânia.
Quem é o 'Grisalho' Troshev?
Andrey Troshev é coronel reformado das forças russas e um dos fundadores do Grupo Wagner, como informou a CNN. Ele nasceu em Leningrado — nome soviético da cidade de São Petersburgo — em 1962, como confirmaram fontes ouvidas pela Reuters, que também descreveram o atual paramilitar como um ex-combatente das então forças soviéticas no Afeganistão, homenageado duas vezes pela bravura com a medalha da Ordem da Estrela Vermelha. Após a queda da União Soviética, Troshev lutou no norte do Cáucaso e ganhou a medalha mais importante do país, de Herói da Rússia, em 2016, pelo ataque à Palmira, na Síria, contra o Estado Islâmico.
De acordo com a Reuters, canais pró-Wagner no Telegram também confirmam que Troshev é um dos mais antigos comandantes do grupo Wagner. A agência também reporta que o jornal Kommersant mencionou que Putin teria dito, durante o encontro em junho, que “Sedoi” “vinha sendo o verdadeiro comandante do Wagner”.
Em um documento da União Europeia a que a Reuters teve acesso, o mercenário é descrito como “diretor-executivo” e fundador do Wagner. “Andrey Troshev se envolveu diretamente nas operações militares do Wagner na Síria”, registra o documento, que ainda completa “e esteve particularmente envolvido na área de Deir al-Zoir. Desse modo, ele oferece contribuição crucial para os esforços de guerra de (o presidente sírio) Bashar al-Assad".
Fonte: O GLOBO
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