Ofensiva vitoriosa lançada pelo Azerbaijão nos dias 19 e 20 de setembro neste território habitado, principalmente, por armênios étnicos, já deixou quase 600 mortos

Os líderes separatistas armênios de Nagorno-Karabakh, que anunciaram a rendição após uma ofensiva relâmpago do Azerbaijão, prometeram nesta segunda-feira que permanecerão no território até a conclusão das operações de ajuda às vítimas, enquanto o governo da Armênia acusou as tropas de Baku de abrirem fogo perto da fronteira. Pelo menos uma pessoa morreu e duas ficaram feridas.

A ofensiva vitoriosa lançada pelo Azerbaijão nos dias 19 e 20 de setembro neste território habitado, principalmente, por armênios étnicos, deixou quase 600 mortos.

O presidente Samvel Shahramanián, "permanecerá [na capital] Stepanakert ao lado de um grupo de funcionários de alto escalão até o fim das operações de busca dos mortos e das pessoas desaparecidas nas operações militares", assim como da assistência após a explosão de um depósito de combustíveis, anunciou uma autoridade da autoproclamada República de Artsakh, como os armênios se referem a Nagorno-Karabakh.

A região disputada de Nagorno-Karabakh — Foto: Editoria de Arte/AFP

Após a capitulação, quase 100 mil armênios étnicos que viviam na região iniciaram um êxodo para a Armênia, temendo represálias por parte do Azerbaijão.

Na semana passada, as autoridades separatistas deste enclave oficialmente reconhecido como parte do Azerbaijão também anunciaram a dissolução de seu governo, que deixará de existir em 2024.

Pelo menos 170 pessoas que tentavam fugir morreram na explosão de um depósito de combustíveis na única rota que liga Nagorno-Karabakh à Armênia, uma estrada íngreme e sinuosa conhecida como corredor de Lachin.

"O governo continua concentrado na questão dos cidadãos que querem se mudar para a República da Armênia", disseram as autoridades separatistas em um comunicado.

A Armênia acusou o Azerbaijão, por sua vez, de atirar contra um automóvel que transportava alimentos para suas tropas em uma zona fronteiriça e informou que há "vítimas", uma denúncia que o Ministério da Defesa de Baku desmentiu.

"Há vítimas do lado armênio como resultado dos disparos das Forças Armadas azerbaijanas", disse o Ministério armênio da Defesa no Telegram, sobre um incidente ocorrido nos arredores da cidade armênia de Kut.

A independência de Nagorno-Karabakh nunca foi reconhecida pelas Nações Unidas. Armênia e Azerbaijão travaram duas guerras pelo controle do território, uma entre 1988 e 1994 e a segunda no fim de 2020, antes da ofensiva de Baku neste mês.


Fonte: O GLOBO