Defasagem com preço internacional diminui, o que dá folga à estatal no curto prazo

A queda do preço do petróleo nesta semana vem reduzindo a necessidade de reajuste do diesel, de acordo com fontes na Petrobras. Com o barril caindo para menos de US$ 85 ontem no mercado internacional — o Brent fechou a US$ 84,07 —, a estatal consegue uma “folga” para tirar do radar um possível reajuste nas refinarias no curto prazo.

Segundo uma fonte, a desoneração dos impostos federais (PIS/Cofins) a partir desta semana não muda de forma direta a avaliação de preços da companhia neste momento. Ela explica que é preciso esperar mais uma semana para saber em que patamar ficarão o petróleo e o dólar para decidir se será feito algum tipo de reajuste no preço do combustível.

Funcionária da Petrobras com amostra de petróleo na plataforma P-71, em atuação no pré-sal da Bacia de Santos — Foto: Márcia Foletto

Uma outra fonte destacou que a estatal estava “segurando” um reajuste frente à forte alta do barril do petróleo, que estava subindo desde agosto e chegou a mais de US$ 96 no exterior. Nesta semana, no entanto, a cotação do barril vem registrando queda com temores de enfraquecimento da demanda pelo combustível diante da piora do cenário econômico global.

Segundo dados da Abicom, que reúne os importadores, a queda do preço do barril reduziu a diferença de preços no Brasil, mas a defasagem com o mercado internacional continua alta. Ontem, o diesel vendido pela estatal estava 13% mais barato que o cobrado no exterior. No início da semana, a diferença era de 19%.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse no início desta semana que a companhia poderia fazer algum movimento nos preços. Além da alta do petróleo, citou o diesel russo, cujas exportações foram suspensas nas últimas semanas, elevando o preço do combustível no mercado internacional.

Importação chega a 30%

O último aumento feito pela Petrobras aconteceu em meados de agosto. Além da gasolina, que teve alta de 16,3% na ocasião, a estatal elevou o valor médio do diesel para as distribuidoras em 25,8%, para R$ 3,80 por litro no Brasil.

O diesel russo chegou a responder por 80% das importações do combustível no Brasil, segundo dados da própria Petrobras. Agora, as importações tendem a ficar zeradas por alguns dias, segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom. Há uma expectativa de que a falta do diesel pressione os preços, já que o combustível russo era mais barato que a média internacional.

Atualmente, as importações gerais oscilam entre 25% e 30% do total consumido no país.

— A expectativa é que os últimos navios da Rússia cheguem nos próximos dez dias. Depois, haverá a chegada de navios dos Estados Unidos. Porém, ontem já começaram a surgir rumores de que a Rússia vai voltar a exportar diesel com a criação de algumas cotas. Então, durante alguns dias, a importação do diesel vai ficar zerada — disse Araujo.

Nos postos de combustíveis, o preço médio do diesel, segundo divulgou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na última sexta-feira, se manteve estável, a R$ 6,10.

Na última terça-feira, a estatal anunciou aumento de 5,3% no preço médio de venda do querosene de aviação (QAV) para as distribuidoras a partir deste mês. O avanço representou aumento de R$ 0,22 por litro.

A Petrobras anunciou em maio sua nova política de preços, que acabou com o PPI (a paridade de importação, que acompanhava as cotações do petróleo e do dólar no mercado internacional) e trouxe uma nova estratégica comercial que leva em conta os custos nacionais, entre outros fatores.


Fonte: O GLOBO