Tática militar foi usada pela primeira vez em 2009; objetivo é alertar os ocupantes de um prédio de que aquele local será alvo de um ataque aéreo

Desde que o grupo terrorista Hamas iniciou a ofensiva contra Israel no último sábado, a declaração de guerra do lado israelense fez com que uma técnica das Forças de Defesa do país (IDF, na sigla em inglês) tenha sido abandonada. Trata-se do “toque do telhado”, tática militar criada em 2009 e usada em diversos conflitos desde então.

Segundo a CNN, a tática tem como objetivo alertar os ocupantes de um prédio de que as forças da IDF estariam visando a estrutura daquele local para um ataque aéreo. Como alerta, os oficiais israelenses soltam uma pequena munição não-explosiva no telhado — por isso o nome “toque” — antes que um ataque maior e destrutivo seja feito.

O objetivo seria diminuir as baixas de civis, permitindo que as evacuações sejam feitas em prédios onde grupos extremistas armazenam foguetes ou munições, ainda que pessoas residam ali. A tática da IDF, no entanto, é controversa e já foi alvo de críticas por parte de grupos de direitos humanos. O argumento é o de que jogar munição em um prédio não deveria ser considerado um aviso de evacuação.

Há quem diga, ainda, que mesmo com o alerta, não existem lugares seguros para os civis irem na Faixa de Gaza, que é bloqueada por todos os lados. Com 40 quilômetros de comprimento e 11 de largura, Gaza é um dos lugares mais densamente povoados do mundo, com cerca de 2 milhões de pessoas. Lá, civis, incluindo crianças, são frequentemente mortos em bombardeios que miram edifícios.

—Nos edifícios onde as pessoas vivem pode haver uma loja de armas, pode ter um chefe do Hamas vivendo lá — disse o coronel Richard Hecht, porta-voz das IDF, ao explicar que distinguir alvos militares e civis não é tão simples na região.

Com a escalada do conflito, porém, o país teria suspendido a tática do “toque do telhado”. Moradores de Gaza disseram à CNN que não receberam aviso antes de suas casas serem bombardeadas recentemente. Segundo a AFP, ao menos 2.215 morreram em Gaza, incluindo 724 crianças, desde o aumento dos bombardeios israelenses.

—Quando eles entraram e jogaram granadas em nossas ambulâncias, eles não bateram no telhado. Isso é guerra. A escala é diferente— disse um morador à CNN.


Fonte: O GLOBO