Além disso, 119 áreas em risco são relacionadas a "terras caídas", fenômeno que fez uma vila inteira 'sumir' em Beruri, no interior do Amazonas.

Aproximadamente 29 mil pessoas estão vivendo em áreas de risco no Amazonas, de acordo com um relatório feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Além disso, 119 áreas são relacionadas a "terras caídas", fenômeno que fez uma vila inteira "sumir" em Beruri, no interior do estado, no sábado (30).

Os deslizamentos de terra, chamados de "terras caídas", são comuns na Região Norte durante a seca . O fenômeno é provocado pela ação da água nas margens dos rios, que provoca a erosão do solo.

Em entrevista à Rede Amazônica, Júlio Lana, coordenador das áreas de risco do CPRM, apontou que 361 áreas de risco são cartografadas no Amazonas. Desse total, 119 estão em regiões que podem desabar por causa das "terras caídas".

"É um número bastante expressivo. A gente estima que 29 mil pessoas vivam em áreas sujeitas a esse fenômeno de "terras caídas" no Amazonas", disse o coordenador.


Fenômeno terras caídas no Amazonas — Foto: Divulgação/CPRM

O coordenador de áreas de risco indicou algumas soluções que podem minimizar o problema que atinge o estado durante a seca. Segundo Júlio Lana, intervenções estruturais e monitoramento da área estão entre as saídas para enfrentar o problema.

"As intervenções exigem estudos complementares, seja medidas de engenharia - obras - ou intervenções não estruturais, que podem ser desde monitoramento e alerta, até a remoção da população em caso de agravamento da situação. Mas é importante salientar que qualquer intervenção precisa ser embasada em estudos complementares, e levar em consideração as condições naturais e sociais da região", declarou.

De acordo com Lana, o CPRM já mapeou quase todos os municípios do Amazonas e envia relatórios da situação das cidades para as prefeituras e o Governo do Estado. Os documentos ficam disponíveis no site do serviço geológico, www.sgb.gov.br.

O g1 procurou a Defesa Civil do Amazonas para comentar o relatório do CPRM, e aguarda retorno.

'Terras caídas'


Vila Arumã, no Amazonas, após ser atingida pro deslizamento de terra. — Foto: Divulgação

No sábado (30), o fenômeno "terras caídas" fez uma vila inteira "sumir do mapa", no Amazonas. Duas pessoas morreram e outras três seguem desaparecidas.

Na quarta-feira (4), uma escola, que já estava interditada, também foi "engolida" pelo fenômeno, em Iranduba, mas não houve registro de feridos. No mês passado, houve um desmoronamento em Manicoré (interior do estado), que também não deixou vítimas.


Escola é engolida por barranco no Amazonas. — Foto: Divulgação

O geógrafo José Alberto Lima de Carvalho, pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e especialista em estudos sobre "terras caídas", explicou que os processos de cheia e vazante contribuem para o aparecimento do fenômeno.

Segundo ele, na cheia, água fica retida no terreno. "Ao baixar o nível do rio, esse solo desaba", ressaltou.

"É uma situação que acontece frequentemente nos nossos períodos de estiagem e que castiga a região, causando desmoronamentos de áreas quilométricas", completou o pesquisador.

Fonte: G1