Revelações de ex-presidente colocaram em perigo a frota nuclear dos EUA, segundo fontes do 'NYT'

Pouco depois de deixar o cargo, o ex-presidente Donald Trump compartilhou informações ditas confidenciais sobre submarinos nucleares americanos com um empresário australiano durante uma noite de conversa em Mar-a-Lago, seu clube privado e residência na Flórida, segundo duas pessoas próximas ao caso.

O empresário Anthony Pratt, membro bilionário de Mar-a-Lago que dirige uma das maiores empresas de papelão do mundo, passou a compartilhar detalhes confidenciais sobre os submarinos com várias outras pessoas, disseram as fontes. As revelações de Trump, disseram elas, colocaram potencialmente em perigo a frota nuclear dos Estados Unidos.

Os promotores federais que trabalham para o procurador Jack Smith souberam das revelações de Trump sobre os segredos ao Pratt e o entrevistaram como parte de sua investigação sobre o tratamento de documentos confidenciais pelo ex-presidente. A história foi divulgada em primeira mão pela rede ABC News.

De acordo com outra fonte familiarizada com o assunto, Pratt está agora entre mais de 80 pessoas que os promotores identificaram como possíveis testemunhas que poderiam depor contra Trump no julgamento de documentos confidenciais, programado para começar em maio num tribunal de Fort Pierce, Flórida.

O nome de Pratt não aparece na acusação que aponta Trump como responsável por reter ilegalmente quase três dúzias de documentos confidenciais depois que ele deixou a Casa Branca e por conspirar com dois de seus assessores em Mar-a-Lago para obstruir as tentativas do governo de obtê-los de volta.

Mas o relato de que Trump discutiu com o bilionário alguns dos segredos nucleares mais sensíveis do país poderia ajudar os procuradores a argumentar que o ex-presidente tinha o hábito de lidar de forma imprudente com informações confidenciais.

A ABC News disse que Pratt compartilhou detalhes confidenciais sobre os submarinos dos EUA com "dezenas de outras pessoas, incluindo mais de uma dúzia de autoridades estrangeiras, vários de seus próprios funcionários e um punhado de jornalistas".

Pratt se reuniu com Trump em seu clube em Palm Beach em abril de 2021 e disse ao ex-presidente que achava que a Austrália deveria começar a comprar seus submersíveis dos Estados Unidos, segundo a ABC.

Em resposta, Trump supostamente confidenciou ao empresário o número exato de ogivas nucleares que os submarinos americanos carregam rotineiramente e o quão perto podem chegar dos submersíveis russos sem serem detectados, segundo o veículo.

Um porta-voz de Trump e os representantes de Pratt não responderam aos contatos do "New York Times".


Fonte: O GLOBO