Em entrevista ao GLOBO, deputado federal também afirmou que, após a desfiliação de Datena, espera ter o apoio do PDT
A menos de um ano das eleições municipais, o líder nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) parece já ter começado sua campanha. Em entrevista ao GLOBO, o parlamentar relatou sua rotina de encontros com segmentos da capital paulista que considera como importantes apoios para o pleito do ano que vem. Entre eles, os evangélicos, setor que o presidente Lula (PT) enfrentou dificuldade nas eleições de 2022 e deu a maior parte de seus votos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Estive com mais de 30 pastores da zona sul em um encontro para escutá-los, quando uma criança tá buscando vaga na escola, quando o idoso tá no na fila do posto de saúde tentando um exame ninguém pergunta se ele é católico ou evangélico. A aproximação que nós estamos construído com os evangélicos deixa o debate ideológico, que muitas vezes criou fake news e distanciamento. A aproximação que estamos construindo é a partir da política pública — disse Guilherme Boulos.
De acordo com o parlamentar, o segmento, por estar nas periferias, sofre com as problemáticas do estado. Neste contexto, tem articulado ações sociais em conjunto, já que as igrejas sempre foram engajadas no trabalho humanitário.
Além dos evangélicos, o deputado tem se encontrado com comerciantes, movimentos sociais, padres, servidores, lideranças comunitárias no intuito de ouvir a população.
Nesta semana, um acontecimento favoreceu a sua pré-campanha: o apresentador Datena, que havia sido anunciado como pré-candidato pelo PDT, entregou sua carta de desfiliação. Com esta baixa, Boulos já passa a falar em uma frente ampla que inclui PT, PCdoB, PV, Rede Sustentabilidade e "agora o PDT".
Críticas a Nunes
Principal adversário de Boulos nas urnas, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) não foi poupado de críticas. A crise energética na cidade que resultou em um apagão que deixou mais de 2 milhões de imóveis sem luz na região metropolitana foi apontado pelo parlamentar como um dos pontos de insatisfação que circundam o chefe do Executivo municipal.
— Ficou muito claro que Ricardo Nunes foi responsável por isso. Ricardo Nunes que não fez o mínimo, não fez poda de árvores, manejo arbóreo e enquanto milhões de pessoas em São Paulo estavam sem energia, ele estava no camarote da UFC, no camarote da Fórmula 1, demonstrando um insensibilidade tremenda. Quando abriu a boca para falar do assunto foi defender uma taxa para que a população pagasse. Ele mostrou que São Paulo, hoje, não tem um prefeito com o mínimo de condição de comando e que esteja a altura dos desafios da cidade — afirmou.
Hamas e dama do tráfico
Entre outubro e novembro, Guilherme Boulos passou por dois episódios de muitas críticas. O primeiro ocorreu no dia em que a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas eclodiu. Na ocasião, uma foto do pré-candidato tirada na Palestina foi manipulada e usada de forma descontextualizada para afirmar que Boulos defendia a organização armada.
Para além da fake news, o deputado veio à público repudiar os ataques, mas não citou o Hamas nominalmente, o que resultou em uma baixa em sua pré-campanha: judeu, o médico infectologista Jean Gorinchteyn, que estava na coordenação da área da saúde, anunciou sua saída da equipe.
Ao GLOBO, ele afirmou que ser contra "qualquer atentado terrorista" praticado pelo Hamas, assim como as atitudes do governo de extrema-direita de Israel.
— O governo de extrema direita de Israel massacra crianças, joga bomba em hospitais, faz uma guerra totalmente desumana e sem direito de defesa. Então eu eu acho minha posição, hoje, é exatamente a mesma do governo brasileiro: a vida de uma criança israelense não vale menos que a de uma criança palestina, e vice-versa. O Hamas não representa o conjunto do povo palestino.
Já na última semana, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que Luciane Barbosa Farias, casada com um líder do Comando Vermelho, esteve em agendas no Ministério da Justiça. Após a divulgação da matéria, fotografias da "dama do tráfico amazonense" com Boulos passaram a circular. O deputado esclareceu que foi abordado pela senhora no salão verde da Câmara e apenas parou para escutá-la.
— Fake News não me assusta, mas é preocupante que o debate público no Brasil esteja marcado por memes e por mentiras isso esvazia democracia — resumiu.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários