Ex-jogador é candidato único à presidência do clube; ele descarta SAF, afirma que conciliará a função com a de senador e quer o time na Série B ou C ao fim da sua gestão
Romário, ex-jogador e senador, pode ser aclamado hoje para assumir uma nova função. Ele é candidato único à presidência do America, seu clube, que aprendeu a torcer junto com o pai, Edevair. O pleito acontece às 19h e para ser escolhido, Romário precisa apenas de maioria simples.
Porém, segundo as regras do clube é preciso ter o quórum mínimo de 30 dos 150 conselheiros e que haja 30 votos. Ou seja, se apenas 30 conselheiros forem à eleição e 29 votarem nele, Romário não será aclamado. Em entrevista ao Panorama Esportivo, o baixinho revelou seus planos para a sua gestão.
Como que começou a sua ligação com o America?
Essa ligação começou quando eu tinha 12 anos. As primeiras 11 vezes, o número 11 me acompanha muito, que eu fui ver jogos profissionais de futebol foram com meu pai. E por mais que muitos pensem que essa coisa de falar que eu sou America é uma coisa por causa da política, sempre fui America.
E o projeto político pro America é recente ou é algo que já vinha pensando?
Em 2009, antes de eu entrar na política, assumi um cargo de diretor de futebol. Comecei em janeiro e fizemos um trabalho bem sério, profissional, e recolocamos o America na primeira divisão (do Carioca) em 2010 e em 2011 na Série D. Em 2010 veio a eleição e fui eleito deputado federal. Continuei ajudando o America de uma forma diferente, mas acabei tendo que sair. Foi quando eu estava começando na política e precisava aprender muita coisa. Minha passagem pelo America foi bastante positiva.
E quando pensou em ser presidente?
Quando o Leo Almada assumiu lá atrás (2014), começamos a conversar sobre a possibilidade de eu ser presidente. E eu achei que ainda não era a hora por causa da política. E eu tenho essa vontade, eu tenho esse sonho de virar presidente.
Romário campeão da Série B do Campeonato Carioca, em 2009, com o América — Foto: Marcelo Theobald/Extra/Agência O Globo
E por que agora é o momento?
Eu acredito que a minha experiência dentro do futebol, a minha relação com o futebol por mais que eu tenha ficado um pouco fora nesses 13 anos, mas você nunca deixa de ter algum tipo de relação direta. E tem a minha posição como senador hoje, eu acredito que tudo isso dentro do pacote vai dar bom.
Como você vai fazer para conciliar os cargos?
Alguns parlamentares em Brasília são ou foram presidentes ou diretores de clubes de futebol. E eu vou ser mais um. Tenho meu compromisso com Brasília de estar presente terça, quarta e quinta. Não abrirei mão, a não ser que algo superimportante aconteça com o America e eu tenha que estar presente. Eu tenho certeza absoluta de que a minha posição como senador vai ser a coisa que menos vai atrapalhar.
E quais seus planos para o clube?
É ter sabedoria para montar um grande grupo, como eu montei em 2009, só que eu não era presidente. Como presidente é conseguir acertar os vícios nos conselhos, tanto o deliberativo como o administrativo e o financeiro. E montar um grupo profissional para fazer um grande time. Ser campeão ano que vem da segunda divisão, disputar a Copa Rio e ser campeão.
Romário é candidato à presidência do America — Foto: Roberto Moreyra
E a sede?
A sede foi destruída e hoje tem um contrato com uma empresa que está tentando trazer os investidores. Tem algumas ações, que oposições entraram ao longo dos anos referente a esse espaço. Mas acredito que vou conseguir ser aclamado como presidente e vamos conseguir juntar a situação com a oposição, e minha posição me deixa bastante tranquilo para trazer as pessoas pro nosso lado e fazer um America único e resolver o mais rápido possível esse problema crônico que é a sede.
De quanto é a dívida do America?
As dívidas que o America não tem a menor condição de pagar chegam a um teto de R$ 80 milhões. Esses são os nossos três desafios, dentro de campo voltar a primeira divisão e ganhar a Taça Rio. E fora de campo resolver esse problema da sede e consequentemente tentar ver o mais rápido possível como é que resolve essas dívidas.
Qual o projeto para levantar esse valor, uma SAF talvez?
A SAF é a modernização da maioria dos clubes que estão em uma situação assim como America, mas não é prioridade. As prioridades é fazer mudanças, principalmente em relação ao Conselho Deliberativo, tem muita gente e muitas pessoas já morreram. Então, primeiro, vamos tentar fazer uma reunião para passar quais são as nossas ideias futuras e o porquê de mudanças. Quando eu falo mudança é principalmente em diminuir a quantidade de integrantes desse conselho. E também trazer parceiros, entendendo que os caras que vieram para ajudar o America vão ter o Romário também nesse pacote.
Romário em sua casa, na Zona Oeste do Rio — Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Você já tem os nomes de quem vai te assessorar?
Alguns nomes eu tenho, infelizmente não posso dizer. Dia 9 de novembro será o dia da aclamação para eu me tornar presidente. Apesar de que a posse será só no dia 2, 3 ou 4 de dezembro, a gente ainda vai marcar isso. E aí eu vou poder trazer os caras. Eu tenho algumas pessoas em mente que podem ajudar o America. Pessoas que talvez já tenham até ajudado outros grandes clubes. Ajudar principalmente no que se refere a marketing e internet. O nome do América tem que ser resgatado.
Como é para você se transformar em um cartola e como vai ser a relação com os jogadores?
Eu tenho 57 anos, a política me ensinou a ser mais ponderado. Posso afirmar que não deixarei de ter problemas. Mas todos os problemas vão ser resolvidos. Eu vou continuar sendo o Romário papo reto, não tem dois papos, o que tiver no papel está valendo e o que apertar a mão tá valendo. Eu não vou sair da minha da minha linha.
O que você quer deixar de legado?
O America em uma posição, dentro do futebol, na primeira divisão do Campeonato Carioca. Esse é o primeiro passo. E com certeza numa série C ou B nesses próximos três ou seis anos. Ter resolvido os problemas das dívidas, e claro, até lá alguma coisa com certeza vai surgir na sede, que dê ao America uma sobrevida futuramente.
Qual seria a avaliação do seu pai?
Só de estar falando meu pai deve estar felizão tomando a cachacinha dele e olhando para mim. Eu tenho certeza que no dia da posse ele vai me dar um toque quando eu estiver dormindo. Do jeito dele, do nosso jeito. Eu tenho certeza absoluta.
Fonte: O GLOBO
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