Até agora, guerra interna já provocou 73 desfiliações do PDT; Lia Gomes também deixará a legenda
Irmã mais nova de Ciro e Cid Gomes, a deputada estadual pelo Ceará, Lia Gomes, se alinhou politicamente ao senador, mas afirma que não se desentendeu com o ex-presidenciável do PDT. Ela define o atual cenário familiar como “de muito sofrimento” e adianta que seguirá seus aliados que deixaram a legenda em busca de outro partido. Até agora, a guerra interna já provocou 73 desfiliações do PDT.
Ao GLOBO, ela conta que não tem conseguido blindar a atividade profissional da tristeza que vem sentindo: “Tem dias que eu nem tenho vontade de vir trabalhar”.
No ano passado, a senhora esteve com Ciro Gomes ao apoiar a candidatura de Roberto Cláudio ao governo do estado. Neste ano, está do lado de Cid. O que mudou?
No ano passado, o partido decidiu em um processo democrático pelo nome de Roberto Cláudio e, por isso, o apoiei. Passada a eleição, precisei ver como me comportaria dali em diante. Conversei com todos os prefeitos que me apoiaram e percebi que deveríamos retomar a aliança de anos com o PT e fazer parte da base de apoio do governo (de Elmano de Freitas).
Eu tenho tentado contestar essa fala de que estava do lado de um e agora estou do outro. Os dois são meus irmãos, o amor é o mesmo pelos dois. Essa é apenas a posição política. Estou apoiando o Cid por entender que é a melhor opção.
Então você não rompeu com seu irmão (Ciro)?
Não. Conversei com Ciro, inclusive. Disse a ele que devo meu mandato às pessoas que me elegeram, que acreditaram que eu apoiaria esse projeto. Foi uma decisão coletiva, e eu deixei bem claro para ele.
E ele entendeu?
Olha, ele não concordou, mas acho que compreendeu.
Há solução para a briga?
Acho que só no futuro, agora as coisas ainda estão agitadas. O ideal é que a gente convivesse no partido com essas diferenças, que cada um pudesse seguir o seu caminho, mas infelizmente as coisas se agravaram e estamos à distância.
E a briga tem prejudicado a família? E o seu mandato?
É muito difícil para mim. Tem sido, assim, uma fase de muito sofrimento mesmo, né? Tem dias que eu nem tenho vontade de vir trabalhar. Quando tem uma briga dessa dentro da sua família é complicado, mas quando isso é exposto para todo mundo falar e discutir fica mais difícil. Sou muito discreta, não gosto de me expor. Afeta o emocional, a gente não deixa a tristeza em casa quando tem que trabalhar.
Como são os almoços de família. Eles se encontram?
Não. É difícil.
E como a senhora avalia a postura do presidente nacional do PDT, André Figueiredo, que está fechado com Ciro?
Nós temos uma bancada de 13 deputados estaduais, em que apenas três estão com o diretório. Dos mais de 50 prefeitos, 43 se manifestaram por Cid. Não consigo entender como um partido abre mão desse quadro. Fico brincando que o PDT vai caber num Fusca, né? Terá um deputado federal e três estaduais. André quer mesmo é dominar tudo. Uma minoria de 20% impõe suas vontades em cima da maioria. É completamente autoritário.
E como vê a postura do Ciro diante desse quadro?
Ele só apoia. O Ciro foi muito machucado mentalmente pelas pessoas do PT. A campanha foi pesada no ano passado, ele foi equiparado ao fascismo, pintado como um apoiador do (Jair) Bolsonaro. Ele não consegue imaginar um cenário em que se alie ao PT por tudo o que aconteceu. Foi uma frustração muito grande.
Acha que ele cometeu excessos na campanha?
Não. Acredito que todas as críticas dele foram pertinentes. Não teve desrespeito, tinham concepções diferentes para o país, mas não vi nada de mais. Ele foi tão ou mais crítico com Bolsonaro, né?
E para o grupo de Cid, são muitos políticos buscando um partido, e há risco de nem todos conseguirem se filiar à mesma legenda. Essa migração enfraquece o senador?
Sem dúvida. Tivemos convites do PSB, PT e Podemos. Acredito que a maior parte vai para um partido só, mas em um ou outro município, estaremos em siglas diferentes.
E no seu caso, seguirá Cid?
A minha preferência é o PSB, mas é uma decisão que cabe ao Cid. Nós temos nos reunido semanalmente e sempre tomamos as decisões ouvindo todo mundo.
Tem planos políticos para além da Assembleia?
Sempre me perguntam na minha cidade, Sobral, se serei candidata à prefeita. Meu irmão (Ivo Gomes) é prefeito. Irmão não pode suceder irmão. Claro que é um sonho, mas é algo mais para frente.
E acha que teria o apoio de Cid e Ciro nesse sonho?
Nem consigo imaginar que não seja assim.
Fonte: O GLOBO
Então você não rompeu com seu irmão (Ciro)?
Não. Conversei com Ciro, inclusive. Disse a ele que devo meu mandato às pessoas que me elegeram, que acreditaram que eu apoiaria esse projeto. Foi uma decisão coletiva, e eu deixei bem claro para ele.
E ele entendeu?
Olha, ele não concordou, mas acho que compreendeu.
Há solução para a briga?
Acho que só no futuro, agora as coisas ainda estão agitadas. O ideal é que a gente convivesse no partido com essas diferenças, que cada um pudesse seguir o seu caminho, mas infelizmente as coisas se agravaram e estamos à distância.
E a briga tem prejudicado a família? E o seu mandato?
É muito difícil para mim. Tem sido, assim, uma fase de muito sofrimento mesmo, né? Tem dias que eu nem tenho vontade de vir trabalhar. Quando tem uma briga dessa dentro da sua família é complicado, mas quando isso é exposto para todo mundo falar e discutir fica mais difícil. Sou muito discreta, não gosto de me expor. Afeta o emocional, a gente não deixa a tristeza em casa quando tem que trabalhar.
Como são os almoços de família. Eles se encontram?
Não. É difícil.
E como a senhora avalia a postura do presidente nacional do PDT, André Figueiredo, que está fechado com Ciro?
Nós temos uma bancada de 13 deputados estaduais, em que apenas três estão com o diretório. Dos mais de 50 prefeitos, 43 se manifestaram por Cid. Não consigo entender como um partido abre mão desse quadro. Fico brincando que o PDT vai caber num Fusca, né? Terá um deputado federal e três estaduais. André quer mesmo é dominar tudo. Uma minoria de 20% impõe suas vontades em cima da maioria. É completamente autoritário.
E como vê a postura do Ciro diante desse quadro?
Ele só apoia. O Ciro foi muito machucado mentalmente pelas pessoas do PT. A campanha foi pesada no ano passado, ele foi equiparado ao fascismo, pintado como um apoiador do (Jair) Bolsonaro. Ele não consegue imaginar um cenário em que se alie ao PT por tudo o que aconteceu. Foi uma frustração muito grande.
Acha que ele cometeu excessos na campanha?
Não. Acredito que todas as críticas dele foram pertinentes. Não teve desrespeito, tinham concepções diferentes para o país, mas não vi nada de mais. Ele foi tão ou mais crítico com Bolsonaro, né?
E para o grupo de Cid, são muitos políticos buscando um partido, e há risco de nem todos conseguirem se filiar à mesma legenda. Essa migração enfraquece o senador?
Sem dúvida. Tivemos convites do PSB, PT e Podemos. Acredito que a maior parte vai para um partido só, mas em um ou outro município, estaremos em siglas diferentes.
E no seu caso, seguirá Cid?
A minha preferência é o PSB, mas é uma decisão que cabe ao Cid. Nós temos nos reunido semanalmente e sempre tomamos as decisões ouvindo todo mundo.
Tem planos políticos para além da Assembleia?
Sempre me perguntam na minha cidade, Sobral, se serei candidata à prefeita. Meu irmão (Ivo Gomes) é prefeito. Irmão não pode suceder irmão. Claro que é um sonho, mas é algo mais para frente.
E acha que teria o apoio de Cid e Ciro nesse sonho?
Nem consigo imaginar que não seja assim.
Fonte: O GLOBO
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