É importante que pacientes com lipedema sigam uma dieta anti-inflamatória rica em alimentos com essa característica
Em 7 de novembro, a modelo Luana Andrade, de 29 anos, faleceu em decorrência das complicações da cirurgia de lipoaspiração. Após o procedimento médico realizado no abdômen, as pernas eram a próxima área a ser tratada. Segundo relatos da família, a jovem sofria de acúmulo de gordura na região dos joelhos, que causavam dores e a fizeram perder trabalhos devido à aparência. Infelizmente, Luana sofreu embolia pulmonar e não resistiu.
A morte precoce de uma jovem linda e famosa mobilizou as redes sociais, e trouxe à tona um problema que atinge muitas mulheres.
O lipedema é uma doença crônica e que afeta cerca de 12% das mulheres no mundo inteiro, também conhecida como síndrome da gordura dolorosa, caracterizando-se pelo acúmulo desproporcional de gordura mais frequentemente nos quadris, coxas e, principalmente, nas pernas, podendo acometer também os braços. Manifesta-se pelo aparecimento de edema, facilidade em aparecer manchas roxas, problemas de locomoção, sensibilidade ao toque, dor e sensação de peso nesses membros.
Ainda é uma doença pouco conhecida tanto pela população como pelos profissionais, sendo muitas vezes confundida com gordura localizada e/ou celulite. Somente em 2022, o lipedema foi reconhecido como doença na nova Classificação Internacional de Doenças — o CID 11.
De acordo com a angiologista Ana Paula Parente, o diagnóstico é feito por exame clínico, com avaliação dos membros e observação do local de distribuição do acúmulo da gordura anormal, textura da pele, manchas, alteração na marcha, relato de dor e sensibilidade, além de exames complementares.
Não há cura identificada no momento para o lipedema, mas detecção precoce e tratamento podem reduzir os danos progressivos.
Sabe-se que, além da predisposição genética, há um gatilho inflamatório para o surgimento da patologia, como mudanças hormonais que ocorrem na puberdade, gestação e menopausa, uso de alguma medicação, como corticoide ou anticoncepcional, por exemplo. Pode também ter associação com hipotireoidismo, endometriose ou doenças autoimunes, além da ingestão de alimentos que possam causar intolerância, desencadeando o processo inflamatório.
Estresse, falta de exercício e exposição a toxinas (como o fumo de tabaco) são outros fatores que podem contribuir para agravar a inflamação crônica.
O padrão alimentar desempenha um importante papel no lipedema. Os alimentos influenciam o processo inflamatório, e conhecê-los é uma estratégia eficaz para conter e reduzir os riscos de doença a longo prazo.
É importante que pacientes com lipedema sigam uma dieta anti-inflamatória rica em alimentos com essa característica, como: frutas vermelhas, peixes, brócolis, abacate, chá verde, cogumelos, uvas, especiarias como açafrão e gengibre e azeite de oliva. Além disso, evitar alimentos pró-inflamatórios como açúcares, farinhas refinadas, gorduras trans, álcool e, em alguns casos, leite e glúten.
Cálcio, selênio, carotenoides, ácido fólico, vitamina C e vitamina E que podem ser obtidos a partir de uma dieta rica em alimentos frescos, com abundância de frutas e legumes, além do ômega 3 e a curcumina que desempenham papéis importantes no tratamento dietético da doença. De acordo com cada caso, pode ser necessário fazer a suplementação adequada às necessidades de cada indivíduo.
O tratamento do lipedema é multidisciplinar, sendo prioritário o acompanhamento nutricional regular em conjunto com a prática de exercícios físicos, sono adequado, controle do estresse, mudança do estilo de vida, aliados à fisioterapia e terapia compressiva, para melhora da dor e do edema. É primordial o acompanhamento com angiologista para tratamento clínico e das varizes, quando presentes, e especialidades como endocrinologista, psiquiatra e cirurgião plástico atuarão em conjunto para melhora da qualidade de vida.
Fonte: O GLOBO
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