Segmento já contribuiu com receita de ao menos R$ 822 milhões e terminará o ano com 198 provas
Única cidade que pode ser chamada de olímpica no Brasil — já que foi sede dos Jogos em 2016—, o Rio de Janeiro tem se consolidado cada vez mais como um dos principais destinos de eventos esportivos do mundo. De acordo com um levantamento da Rio Visit Convention Bureau, a cidade recebeu, até outubro, 46 grandes eventos na área. A maioria deles, 17, foram corridas de ruas.
Segundo o levantamento, o segmento de corrida de rua contribuiu com uma receita de US$ 169 milhões (R$ 822 milhões) para a cidade. Além disso, houve uma arrecadação de US$ 8,4 milhões (R$ 40,9 milhões) em Imposto Sobre Serviço (ISS). Corridas menores não foram abrangidas pela análise. No geral, de acordo com a Secretaria Municipal de Esportes, o ano de 2023 vai terminar com 198 corridas de rua na cidade.
— Em se tratando de corrida, é o evento mais democrático que tem, podemos atrair o maior número de participantes possível. Eles serão sempre bem-vindos e estimulados nos nossos espaços — afirmou Guilherme Schleder, secretário municipal de Esportes.
O presidente-executivo do Visit Rio, Carlos Werneck, conta que esse tipo de evento causa grande impacto econômico, não prejudica o funcionamento da cidade e, geralmente, os atletas visitam o Rio com outras pessoas. O levantamento do órgão revela que as corridas atraíram 280 mil pessoas para a cidade até o mês passado.
— Esses eventos geralmente começam as 6 horas da manhã de domingo, e quando a cidade começa a funcionar eles já acabaram. Os atletas vêm com suas equipes e famílias e andam de táxi, se hospedam em hotéis, comem em restaurantes e tudo isso gera receita e, paralelamente, impostos — apontou.
Secretaria Municipal de Esportes vê potencial na cidade para ampliar eventos com maratonas. (ASICS Golden Run 202)/ — Foto: Fotos: Vegas Sport
Exemplo é a Maratona do Rio, que aconteceu em junho. A organização realizou um estudo de impacto econômico que demonstrou que os competidores gastaram R$ 137,2 milhões na cidade por causa do evento. Os dados levaram em consideração desde a inscrição, até hospedagem e passagens. Segundo o estudo, cada corredor gastou em média R$ 1.734, a maior parte deles, 60%, com alimentação. A Maratona criou 2,3 mil empregos diretos e indiretos.
— Acreditamos que este impacto econômico será ainda maior nos próximos anos — disse Jued Andari, diretor de esporte da Dream Factory, organizadora da corrida.
A maioria dos grandes eventos tem acontecido com o apoio da Lei de Incentivo ao Esporte do estado. Ou seja, o governo abre mão de impostos para que empresas patrocinem as corridas, ou outros eventos esportivos, através de renúncia fiscal. De acordo com o secretário estadual de esportes, Rafael Picciani, a lei tem sido usada para potencializar as características do estado e para receber eventos e ocupar o calendário anual.
— É uma lei ágil, moderna e democrática. Não trabalhamos com o edital, então a lei fica disponível o ano todo. A gente consegue, com isso, abraçar projetos sazonais. E só é possível o governo do Estado apoiar porque possui esse instrumento — contou Picciani.
O aumento da quantidade de corredores na cidade tem feito marcas investirem no Rio de Janeiro. A Asics, por exemplo, passou a realizar a sua corrida na cidade. Antes, de apenas 21km, e depois de 10km, para atrair mais praticantes. Na edição de 2022 a corrida teve 4 mil inscritos e na deste ano 6,5 mil, um crescimento superior a 50%. A expectativa é que no ano que vem esse número cresça novamente. Além disso, a marca inaugurou na cidade uma loja específica para corredores.
— Aumentamos nossas ativações no Rio. Lançamos essa loja inédita com um serviço focado para corredores e para criarmos uma experiência interativa. E as vendas estão sendo muito bem-sucedidas — disse Constanza Novillo, diretora de Marketing da ASICS América Latina.
O CEO da Ticket Sports, Daniel Krutman, empresa que vende kits de corridas, contou que o Rio de Janeiro já é o segundo maior mercado de corridas de rua do Brasil. Até outubro, a empresa havia sido contratada por 109 eventos distintos.
— Há uma cultura regional de esporte, qualidade de vida, saúde que ajuda muito. Neste ano, enxergamos um crescimento saudável, tanto em número de eventos, quanto inscrições. Houve uma onda de empreendedorismo pós-pandemia para esse setor — contou.
Fonte: O GLOBO
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