Ex-assessor e ex-braço direito de Flávio Bolsonaro se queixou em mensagem de voz a ex-sócio de Flávio

Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-braço direito de Flávio Bolsonaro quando ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), se queixou das "migalhas" que receberia por serem insuficientes para se bancar. Enquanto isso, falou que "sabe de tudo" sobre outros aliados beneficiados pela família Bolsonaro, que teriam a "vida resolvida" com cargos comissionados e contratos milionários. As informações foram compartilhadas em mensagens de áudio enviadas ao ex-sócio de Flávio, Alexandre Santini, obtidas pelo Metrópoles e divulgadas nesta quinta-feira.

Em áudios compartilhados em 2022, Queiroz reclamou a Santini que enfrentava dificuldades financeiras próximo ao período do Natal e, por isso, precisava de dinheiro. Ele ainda se queixou de receber "migalhas" que considerou insuficientes para arcar com seus custos.

— Tô passando uma dificuldade muito grande, e eu tô precisando de um dinheiro, tá? Natal chegando aqui… Tô com problema financeiro mesmo, irmão — afirma Queiroz, que continua, se queixando: — Não é com migalhas que me dão aí de vez em quando que resolve a minha vida, não, cara.

Os áudios foram trocados pouco depois de Queiroz e Santini retomarem o contato, depois de um tempo sem se falarem — segundo o Metrópoles, havia uma orientação entre os aliados mais próximos de Flávio Bolsonaro para evitar contato telefônico com o ex-assessor. O comportamento também foi criticado no áudio, em que questionou se poderia chamar o ex-sócio do filho "zero um" de "amigo" porque Santini teria afirmado, durante ligação, que não poderia mais falar com Queiroz.

'Eu sei de tudo'

Em outros áudios obtidos pelo Metrópoles, Queiroz dá a entender que conhece todos os esquemas de beneficiamento de aliados próximos da família Bolsonaro. Como exemplo, ele cita o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Victor Granado, que emplacou o nome da esposa, Mariana Frassetto Granado, em cargo comissionado no gabinete do parlamentar no Senado, cargo que ocupa desde 2019.

Além do salário de quase R$ 20 mil recebido pela esposa de Victor, Queiroz diz que o próprio Victor teria firmado um contrato milionário com uma das advogadas de confiança do senador.

— A mulher do Victor tá lá pendurada no gabinete ganhando 20 mil, o Victor tá com um contrato milionário com a Luciana… Eu não sou otário, pô, eu sei de tudo, entendeu? — diz, afirmando ainda saber que vinha sendo criticado por filhos de Bolsonaro, e ameaça: — Eu quero falar isso com o amigo (Flávio), frente a frente. Porque, se for verdade, eu vou pro pau mesmo.

Na série de áudios, o ex-assessor de Flávio deixaria claro que era comum a família Bolsonaro beneficiar aliados com toda sorte de auxílio. No caso de Queiroz, uma da "regalias" era o pagamento dos boletos da universidade de sua enteada, Evelyn Mayara, que chegou a ser nomeada para o gabinete de Flávio na Alerj. Em uma das mensagens de voz, ele pede transferências para quitar as mensalidades do curso.

— Acumula, fica seis meses, ela liga, se não (pagar) ela não pode renovar a matrícula. Eles fizeram faculdade, eles são tudo (formados em) faculdade particular, eles sabem como é que funciona isso — reclama.


Fonte: O GLOBO