Em 7 de julho de 2021, um comando de mercenários colombianos assassinou Moïse, de 53 anos, a tiros em sua residência particular de Porto Príncipe
Vestido com um uniforme de presidiário marrom e algemado, se dirigiu ao tribunal em francês para explicar que não queria matar Moïse, mas fazer com que ele respondesse à Justiça haitiana por sua má gestão no comando do país.
Quando os demais conspiradores decidiram assassinar o presidente, não pôde voltar atrás por medo de morrer, garantiu ao juiz Jose Martinez.
“Magistrado, tenha piedade de mim”, disse, antes de pedir perdão às pessoas próximas da vítima e ao povo haitiano por um “crime odioso que jamais deveria ter ocorrido”.
Foto de arquivo tirada em 2019 mostra o presidente haitiano Jovenel Moïse em discurso durante parada militar em Porto Príncipe, no Haiti — Foto: Valerie Baeriswyl / AFP
Em outubro, John se declarou culpado de propiciar veículos e outros recursos para o magnicídio, além de se reunir várias vezes com os outros conspiradores, tanto no Haiti como no sul da Flórida.
Joseph Joel John foi preso na Jamaica no dia 14 de janeiro de 2022, após um pedido do governo americano. Em seguida, os Estados Unidos pediram a extradição do homem, aceita pelo governo jamaicano no dia 28 de abril.
O fato de parte da trama ter sido esquematizada na Flórida foi o que permitiu que a Justiça dos Estados Unidos reivindicasse jurisdição sobre o caso, no qual prendeu e apresentou denúncias contra 11 pessoas.
John é o terceiro condenado nos Estados Unidos pelo assassinato. Antes dele, Rodolphe Jaar, um empresário haitiano-chileno, e Germán Rivera, um oficial reformado do Exército colombiano, receberam sentenças de prisão perpétua este ano.
Em 7 de julho de 2021, um comando de mercenários colombianos assassinou Moïse, de 53 anos, a tiros em sua residência particular de Porto Príncipe, sem que houvesse a intervenção de seus guarda-costas.
Segundo a Promotoria dos Estados Unidos, dois diretores de uma empresa de segurança de Miami planejaram sequestrar Moïse e substitui-lo por Christian Sanon, um cidadão haitiano-americano que queria ser presidente do país caribenho.
O objetivo desses instigadores - o venezuelano Antonio Intriago e o colombiano Arcángel Pretel Ortiz - era firmar contratos lucrativos com um futuro governo liderado por Sanon, contra quem também foi apresentada uma denúncia nos Estados Unidos.
Ao não conseguirem sequestrar Moïse, os conspiradores decidiram matá-lo.
O Haiti deteve 17 pessoas pelo assassinato, segundo o jornal Miami Herald, mas nenhuma delas foi acusada formalmente.
O pequeno país, considerado o mais pobre das Américas, está mergulhado em um caos profundo desde a morte de seu presidente. Grupos armados controlam 80% de Porto Príncipe, e crimes violentos como sequestro, assalto a mão armada e roubo de carro dispararam.
Vazio político
As autoridades não realizaram nenhuma eleição desde 2016 e a Presidência está vazia desde o assassinato de Moïse. O Haiti vive um vazio político que deu às gangues ainda mais poder.
Desde então, a Presidência do país está vaga, o primeiro-ministro que assumiu dias após a morte chegou a ser acusado de envolvimento no crime, e as investigações estão num impasse: mesmo que mais de 40 pessoas tenham sido presas, os mandantes e os motivos do crime permanecem desconhecidos.
Dois dias após sua morte, o primeiro-ministro Ariel Henry, nomeado para o cargo apenas um dia antes, assumiu interinamente — ele substituiu o então primeiro-ministro, Claude Joseph. Semanas depois, o próprio Henry foi acusado de envolvimento no assassinato, após a suspeita de ter conversado por telefone com um dos principais réus, horas após o ataque.
Fonte: O GLOBO
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